Então
sabereis que eu Sou...
(Jo 8,21-30)
Quando Jesus descansava na palha da
manjedoura de Belém, era quase impossível identificar na frágil criancinha a sua
divindade. Quando ele ajudava José na pobre oficina de Nazaré, dificilmente
alguém perceberia a sua natureza divina no adolescente pobre. Quando, porém,
Jesus foi cravado na cruz do Calvário, o centurião romano prontamente o
reconheceu: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus!” (Mc 15,39)
É a cruz o “lugar” onde podemos
identificar Jesus. As luzes do Tabor logo se apagam quando se cala a voz da
nuvem. O estupor dos discípulos logo se desvanece quando as águas do lago
voltam à calmaria. Mas é impossível ignorar a maneira como o Filho de Deus
derramou seu sangue por nós...
Em sua discussão com os fariseus
endurecidos na descrença, o próprio Jesus já tinha apontado para a solução do
conflito: a cruz! Ele disse: “Quando vocês tiverem elevado o Filho do homem,
então sabereis que Eu Sou...” Ora, “Eu Sou” é o nome de Deus, revelado a Moisés
no episódio da sarça ardente (cf. Ex 3,14).
O Filho entregue pelo Pai,
inestimável presente do Amor, é acolhido como pedra de tropeço, incômoda
presença, motivo de argumentação e de exigência de sinais. Como diz Louis
Bouyer, “o conflito terminará com a vitória aparente do poder das trevas, o
qual age através de seus adversários, que ele mantém na escravidão. Mas este
falso triunfo será, de fato, a sua derrota. O termo ‘elevar’, com o possível duplo
sentido de crucificar ou exaltar, marca bem a confusão das trevas quando elas
virem a Luz resplandecer da cruz onde elas acreditaram apagá-la. Este anúncio
da Paixão é o primeiro que Jesus faz em público. Notaremos especialmente como
São João anota, em seguida, que a glória de Cristo e sua Paixão são
inseparáveis”.
O antigo hino litúrgico “Vexilla Regis” assim canta a vitória do
Crucificado:
Avançam
os estandartes do rei,
Brilha o
mistério da cruz.
O Criador
da carne, pela carne
É
suspenso no madeiro.
Salve, ó
altar! Salve, ó vítima,
Glória da
paixão,
Pela qual
a Vida levou à morte
E pela
morte devolveu a vida!
Orai sem cessar: “Levanto os olhos para vós, que
habitais nos céus.” (Sl
122,1)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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