... e os amaste como a mim... (Jo
17,20-26)
Dirigindo-se
ao Pai, Jesus faz uma afirmação chocante: nós somos amados pelo Pai com o mesmo
amor que ele dedica ao Filho, Jesus. O Justo e os pecadores, o Santo e os
decaídos, todos amados igualmente – isto é, infinitamente – pelo Pai!
Naturalmente,
esta verdade tem sérias consequências. Em primeiro lugar, ajuda a compreender
que o Pai tenha entregado à morte o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, para nos
salvar da perdição eterna. A explicação está nesse desmedido Amor divino, do
qual a raça humana é objeto. E o Filho, que experimenta por nós um amor igual,
aceita de boa vontade cooperar com o plano de salvação proposto pelo Pai
amoroso.
Em
segundo lugar, vemo-nos forçados a abandonar de vez aquela velha ideia de que o
amor deva ser “merecido”. Os bons são amáveis; os maus, não o são. Ora, como
diz São Paulo, “com efeito, quando ainda éramos fracos, Cristo a seu tempo
morreu pelos ímpios. É difícil que alguém queira morrer por um justo; talvez
aceitasse morrer por um homem de bem. Mas nisto Deus prova o seu amor para
conosco: Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores”. (Rm 5,6-8.)
Os
honestos sentem dificuldade em aceitar esta evidência: Deus, o Pai, ama
igualmente a vitima e o agressor, pois ambos são filhos! E sofre com ambos!
Depois disto, não podemos insistir em discriminar as pessoas e em decidir quem
“merece” e quem não merece o nosso amor. A quem devemos considerar como irmão e
a quem podemos rotular de fera, animal e bandido...
Quando
o Papa João Paulo II foi à penitenciária para levar o seu perdão àquele homem
que lhe dera três tiros, o turco Ali Agca, deu-nos a demonstração de que
conhecia muito bem esta realidade: seu agressor era amado por Deus, apesar do
mal que havia cometido. Também para ele continuava aberto um caminho de volta à
casa do Pai, uma possibilidade de arrependimento e conversão. Por isso mesmo,
do alto da cruz, Jesus suplicava ao Pai que perdoasse os seus agressores...
Isto
é amor. O contrário é o ódio. E, para quem segue a Jesus Cristo, nada justifica
que o amor ceda lugar ao ódio...
Meu
coração ainda conserva sementes de ódio e violência? Que tenho feito para
exercitar o amor de Deus que foi depositado em mim?
Orai sem cessar: “Senhor
Jesus, ensina-me a perdoar!”
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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