Para que sejam um... (Jo
17,11b-19)
Em
Deus não há divisão. As três Pessoas trinitárias – Pai, Filho e Espírito Santo
– vivem na mais perfeita comunhão, de tal modo que o Deus revelado pelas
Escrituras é ao mesmo tempo Uno e Trino. A Igreja deve ser o reflexo dessa
unidade divina, vivendo o mesmo mistério da comunhão: a missão que o Pai
entregou ao Filho, no Espírito, é a mesma missão que a Igreja recebe de Jesus. E
não poderá cumpri-la sem viver na unidade.
Nesta
“Oração Sacerdotal”, Jesus manifesta ao Pai o seu mais profundo anseio pela
unidade “dos seus”. De algum modo, ele se antecipa à realidade histórica que
todos nós conhecemos, marcada pela fratura da unidade, por cismas e divisões
internas. E devia saber que o mundo pagão se escandalizaria com a disputa entre
diferentes grupos que se dizem seguidores do mesmo Mestre e Pastor... Escândalo
que acaba por neutralizar o esforço missionário.
O
Concílio Vaticano II referiu-se a tal situação: “Todos, na verdade, se
professam discípulos do Senhor, mas têm pareceres diversos e andam por caminhos
diferentes, como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, sem
dúvida, contradiz abertamente a vontade de Cristo, e se constitui em escândalo
para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho
a toda criatura”. (Unitatis Redintegratio, 1.)
Desde
o Vaticano II, verificou-se um notável empenho ecumênico, com jornadas mundiais
de oração, visitas do Papa a lideranças de outras religiões e Igrejas. Mas este
esforço ainda não encontrou muitas ressonâncias em nível comunitário, onde
persiste um clima de competição e antipatia. Pecados nossos, que exigem
penitência e conversão.
Ainda
que determinadas denominações sejam agressivas e proselitistas, o fiel que tem
uma fé madura e bem fundamentada não deve temer a convivência ou o confronto
com seus membros. Há um vasto campo de cooperação e de boa vontade no qual o
anseio de Jesus pode lançar as primeiras sementes de paz e de fraternidade.
Passados
mais de 40 anos do Concílio, todos já perceberam que a aproximação ecumênica é
antes de tudo uma questão de conversão interior. Quando todos os corações
estiverem de fato unidos a Jesus Cristo, já não haverá diferenças entre nós.
Faço
parte daquele grupo que atiça a inimizade entre cristãos? Ou ajudo a lançar
pontes e aparar diferenças?
Orai sem cessar: “Pai, que todos sejam um!”
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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