Recebei o Espírito Santo! (Jo
20,19-23)
Os
discípulos estavam trancados. Dominados pelo medo. Estavam profundamente perturbados
pelos acontecimentos recentes. Certamente alimentavam sentimentos de culpa por
terem abandonado o Mestre à sua Paixão. Jesus aparece inesperadamente no meio
dos discípulos, passando pelas portas fechadas e, soprando sobre eles, diz:
“Recebei o Espírito Santo”.
Para
que “serve” o Espírito Santo? Qual a finalidade desse dom pós-pascal? Ora, “serve”
para dissipar o medo, transformando covardes em mártires. Serve para serenar a
agitação e trazer de volta a paz. Serve para diluir a culpa e reavivar a confiança
na misericórdia do Senhor.
Mas
“serve” – e aqui está a “novidade” deste sopro sobre os Apóstolos! –
para pôr nas mãos da Igreja uma notável “faculdade”, até então exclusiva do
próprio Deus: o poder de perdoar pecados! (Cf. Mc 2,5-11.) Daí em diante, este
poder é confiado aos homens, gerido e ministrado pela Igreja de Jesus.
É
importante notar que esta iniciativa não partiu dos homens: não são os
Apóstolos que fazem tal pedido ao Senhor. Daí a impropriedade de quem afirma
que a confissão dos pecados é uma “invenção dos padres”. Ao contrário, trata-se
um dom maravilhoso de Deus, rico em misericórdia, que incumbe a Igreja de ser o
canal da reconciliação divina junto aos pecadores.
Desde
os primeiros momentos, a Igreja nascente, cheia do Espírito Santo, passa a
exercer este ministério. É o que se vê nas palavras de Tiago, em sua Carta:
“Confessai os vossos pecados uns aos outros e rezai uns pelos outros, a fim de
serdes curados”. (Tg 5,16.) Assim, não tem nenhum fundamento a atitude de quem
diz que confessa seus pecados “diretamente a Deus”, quando o próprio Senhor
quis a Igreja como mediadora de seu perdão.
O
“Catecismo” ensina: “Conferindo aos apóstolos seu próprio poder de perdoar os
pecados, o Senhor também lhes dá a autoridade de reconciliar os pecadores com a
Igreja. Esta dimensão eclesial de sua tarefa exprime-se principalmente na
solene palavra de Cristo a Simão Pedro: ‘Eu te darei as chaves do Reino dos
Céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na
terra será desligado nos céus’ (Mt 16,19)”. (Nº 1444.)
Há
quanto tempo não me aproximo da misericórdia divina, buscando o perdão de meus
pecados no Sacramento da Confissão?
Orai sem cessar: “Confessarei
minhas ofensas ao Senhor!” (Sl 32,5b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário