Tudo é possível a quem crê! (Mc 9,14-29)
O Evangelho de
hoje registra que o poder espiritual de Jesus domina também os maus espíritos.
Um jovem possesso e sem paz é atormentado pelo demônio. Jesus interpela
diretamente o “espírito mudo” e o expulsa.
Na descrição do
próprio pai, o filho vivia em extremos de conduta, “do fogo para a água”.
Curiosamente, a palavra SHALOM (a paz) escreve-se em hebraico com três
consoantes: SHIN (as línguas de fogo), LAMED (a balança manual) e MEN (o odre
de água). Isto é, o equilíbrio (o fiel da balança) entre os dois extremos (fogo
e água). A paz como homeostasia, estabilidade. Perdida a paz, o jovem espuma,
cai por terra, range os dentes, agita-se. Jesus, “nossa Paz” (cf. Ef 2,14),
devolve-lhe o equilíbrio.
Desde o Séc. XIX,
uma leitura racionalista (e em total ruptura com a sã tradição apostólica!)
nega a existência de demônios e “explica” passagens como esta, afirmando que os
possessos eram, na verdade, casos de epilepsia e doenças mentais. Ora, Jesus
não manteria seus contemporâneos em tão grave engano. Nem teria sentido sua
afirmação, em resposta à pergunta dos discípulos (v. 29), de que “tal gênero de
demônio só pode ser expulso pelo jejum e pela oração”. (Cf. Mt 17,21.) O Mestre
aponta o remédio espiritual para uma “doença espiritual”.
Historicamente, a
Igreja sempre exerceu um ministério de libertação de pessoas possessas pelo
demônio, ao praticar o exorcismo. O novo Código de Direito Canônico (de 1983)
reserva a prática do exorcismo a presbíteros (padres) expressamente autorizados
pelo Bispo diocesano.
Sim, esta é uma
questão de fé. A mesma fé que faltou aos discípulos quando tentaram, em vão,
expulsar o mau espírito daquele jovem. A mesma fé em falta nos racionalistas
que negam os milagres de Jesus e seus “sinais” de poder, preferindo reduzi-los
a fenômenos parapsicológicos ou atribuir sua interpretação a ignorância do
povo. Enquanto isto, o demônio ateava fogo ao colchão do Santo Cura d’Ars e
quebrava os dentes de Marthe Robin. Os sacerdotes que possuem experiência pastoral
não adotariam a mesma cartilha racionalista...
Minha fé
corresponde à fé da Igreja? Ou estou fabricando minha fé particular, mais
cômoda e mais prática?
Orai sem cessar: “Senhor, aumentai a nossa fé!”
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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