terça-feira, 19 de junho de 2018

PALAVRA DE VIDA


 Assim vos tornareis filhos... (Mt 5,43-48)
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            O povo gosta da expressão que traduz a semelhança entre o pai e seu filho: “ele é a cara do Pai”. Jesus também é a cara do Pai. Ele o disse claramente em uma resposta a Filipe: “Quem me vê, vê o Pai”. (Jo 14,9)

            Assim, quando Jesus cura os enfermos, devolve a visão aos cegos, multiplica os pães para a multidão faminta, Jesus manifesta o amor do Pai pela humanidade. E o faria “até o fim” (Jo 13,1) quando se entregou aos suplícios e a morte por nossa salvação.
            No Evangelho de hoje, a exigente lição de Jesus não é uma doutrinação abstrata, mas a expressão de sua prática entre os homens: amar os inimigos, perdoar seus algozes, não reagir aos insultos. Trata-se de um ensinamento que bate de frente contra a práxis de uma sociedade paganizada que prefere “dar o troco”, “pagar na mesma moeda”, e reafirma seus princípios éticos: “bateu levou”, “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, “bandido bom é bandido morto”...
            H. Urs von Balthasar comenta esta passagem: “Jesus Cristo é o Filho único de Deus, que nos faz conhecer aquilo que ele ‘viu e ouviu’ junto do Pai (Jo 3,32). Ou seja: que Deus não ama parcialmente, não é justo parcialmente; ao contrário, diante do ataque dos pecadores contra ele, não responde com a retirada de seu amor. Ele o manifesta humanamente, não opondo à força uma força contrária, mas oferecendo na Paixão a outra face, dando dois mil passos com os pecadores, e até mesmo o caminho inteiro. Ele deixa que os soldados lhe tomem não apenas o manto, mas também sua camisa”.
            “Mas sua não resistência tem mais fôlego – prossegue o teólogo – que toda a violência do mundo. Seria um erro erigir a atitude de Jesus como um programa político, pois está claro (mesmo para ele) que a ordem pública não pode renunciar ao poder penal (ele mesmo, em suas parábolas, pode falar desse poder, p. ex., Mt 12,19; Lc 14,31; Mt 22,7.13 etc.). Neste mundo de violência, Cristo apresenta uma forma divina de não violência que ele declarou bem-aventurada para seus sucessores (cf. Mt 5,5), e para cujo exercício ele aqui os convida.”
            Daí, a impropriedade do cristão que clama por vingança, processa seus adversários, espera pela oportunidade de rebater e devolver ofensas e humilhações. Em nenhum passo dos Evangelhos Jesus nos estimulou a eliminar nossos inimigos, mas sempre lembrou que Deus ama também os injustos, reservando para eles a mesma luz do sol e a mesma taxa de chuva que derrama sobre os justos (cf. Mt 5,45) como um Pai carinhoso.
            Pode ser que os honestos não engulam a lição de Jesus, e prefiram a intervenção de Júpiter Tonante, que arremessa seus raios e frita aqueles que não seguem as leis do Olimpo. Mas o Pai de Jesus é um Deus de amor: ama a vítima e o agressor...
Orai sem cessar: “O Senhor é bom, eterna é sua misericórdia...” (Sl 100,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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