E deu-lhes poder... (Mt 10,1-7)
Jesus não confiaria aos apóstolos
uma missão entre lobos sem os revestir do necessário poder. O Mestre sabia que
o mundo é dominado por um “príncipe” disposto a tudo para manter na escravidão
aqueles que o Pai destinava à filiação divina.
Dietrich Bonhoeffer reflete sobre
este poder:
“Não se trata apenas de uma palavra,
uma doutrina, mas é um poder eficaz que os apóstolos recebem. Deve ser um poder
maior que o poder daquele que domina a terra: o diabo. Os discípulos bem sabem
que o diabo tem poder, ainda que a astúcia dele seja exatamente a de negar o
seu poder e dar aos homens a ilusão de que ele não existe.
Ora, é justamente esta manifestação
tão perigosa de seu poder que importa atingir. É preciso que o diabo seja posto
à luz do sol e vencido pelo poder de Jesus Cristo. Assim, os apóstolos se
enfileiram ao lado do próprio Jesus, pois é a obra dele que devem ajudá-lo a
realizar.
Assim, para essa missão, Jesus não
lhes nega também o dom mais elevado, que consiste em ter parte no seu poder
sobre os espíritos impuros, sobre o diabo que se apoderou da humanidade. Nessa
missão, os apóstolos se tornaram semelhantes a Cristo. Eles realizam as obras
de Cristo.”
Seria extremo infantilismo acreditar
que a decadência generalizada das sociedades humanas pudesse ser sanada através
de bons conselhos. A própria consciência coletiva se encontra obturada por uma
enxurrada de hábitos, modismos e contravalores, hoje assimilados neutramente
por grande parte da massa humana. A regeneração humana exige uma participação
no poder de Cristo.
E não podemos queixar-nos, pois ele
se manifesta aqui e ali, sem reservas. O próprio Bonhoeffer, que lemos acima,
manifestou esse poder quando se insurgiu contra a hidra nazista e não cedeu um
milímetro em sua missão evangelizadora, acabando como mártir nos cárceres da
tirania.
É esse mesmo poder que inspira Dom
Bosco a se dedicar aos pivetes, ainda que acusado por outros padres de estar
desonrando o clero ao se misturar àquela “gentinha”. As atitudes do Papa
Francisco, assumindo modelos “franciscanos” no Vaticano, revela aquela
liberdade que o mundo pagão desconhece. É preciso poder para abraçar a pobreza
e a obediência a Deus.
Orai sem
cessar: “O Senhor
é meu escudo e salvação!” (Sl 18,3)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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