domingo, 15 de julho de 2018

PALAVRA DE VIDA


 Ele chamou os Doze... (Mc 6,7-13)

Imagem relacionada        No mínimo, estranho esse grupo de Doze. Chamados e enviados. E do verbo grego que significa “enviar” [apostellein] nasceu o título de apóstolo. Quatro pescadores, um cobrador de impostos, dois guerrilheiros (duas espadas! Cf. Lc 22,38), alguns agricultores... Que bela troupe!!!

            Eis o comentário de Hans Urs von Balthasar:
            “No Evangelho, Jesus chama os Doze sem nenhuma outra explicação. Por que motivo exatamente estes? Nada se diz a esse respeito. Nem virtudes, nem alguma particular sagacidade, nenhum dom de oratória os distingue. Se lhes falta alguma coisa para cumprirem a missão, isso lhes será dado por acréscimo.
            Certamente, falta-lhes aquilo que lhes será dado por ocasião de seu envio em missão: a habilitação para proclamar o Reino de Deus, e isto com o poder de expulsar os espíritos impuros, o que só é possível quando se tem o Espírito Santo que, ao se irradiar, repele a esfera de ação do espírito ímpio.
            E como eles receberam esses dons de Jesus, é-lhes pedido que não os misturem com seus próprios meios de socorro e propaganda; daí, nenhuma sacola, nem pão, nem dinheiro, nem túnica para trocar... nem mesmo a busca por uma habitação mais cômoda.”
            A simples leitura deste Evangelho já desperta em nós a suspeita de que nos temos desviado substancialmente do mandato inicial, de tal maneira nos preocupamos com meios “de reforço” para a missão apostólica. A busca de novos recursos, novos “fundos”, mais ferramentas de evangelização, o investimento em superestruturas pesadas e caras, acabam por transformar o eventual apóstolo em um gerente ocupado. Nada que Francisco de Assis aprovasse para seus missionários...
            Prossegue von Balthasar: “É da pregação que eles estão encarregados, o apelo à conversão, não o sucesso. Se este faltar, isso não é da conta deles; devem simplesmente prosseguir o seu caminho e fazer uma tentativa em outra parte.
            Só nos é dito, ainda, que os Doze se puseram a caminho e obtiveram alguns sucessos. É o Evangelho nu (sem sofrer acréscimos) que age da maneira mais convincente.”
           
Orai sem cessar: “Aqui estou, envia-me!” (Is 6,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário