Ele chamou os Doze... (Mc 6,7-13)
No mínimo, estranho
esse grupo de Doze. Chamados e enviados. E do verbo grego que significa
“enviar” [apostellein] nasceu o título de apóstolo. Quatro pescadores,
um cobrador de impostos, dois guerrilheiros (duas espadas! Cf. Lc 22,38),
alguns agricultores... Que bela troupe!!!
Eis o comentário de
Hans Urs von Balthasar:
“No Evangelho, Jesus
chama os Doze sem nenhuma outra explicação. Por que motivo exatamente estes?
Nada se diz a esse respeito. Nem virtudes, nem alguma particular sagacidade,
nenhum dom de oratória os distingue. Se lhes falta alguma coisa para cumprirem
a missão, isso lhes será dado por acréscimo.
Certamente, falta-lhes
aquilo que lhes será dado por ocasião de seu envio em missão: a habilitação
para proclamar o Reino de Deus, e isto com o poder de expulsar os espíritos
impuros, o que só é possível quando se tem o Espírito Santo que, ao se
irradiar, repele a esfera de ação do espírito ímpio.
E como eles receberam
esses dons de Jesus, é-lhes pedido que não os misturem com seus próprios meios
de socorro e propaganda; daí, nenhuma sacola, nem pão, nem dinheiro, nem túnica
para trocar... nem mesmo a busca por uma habitação mais cômoda.”
A simples leitura
deste Evangelho já desperta em nós a suspeita de que nos temos desviado
substancialmente do mandato inicial, de tal maneira nos preocupamos com meios
“de reforço” para a missão apostólica. A busca de novos recursos, novos “fundos”,
mais ferramentas de evangelização, o investimento em superestruturas pesadas e
caras, acabam por transformar o eventual apóstolo em um gerente ocupado. Nada
que Francisco de Assis aprovasse para seus missionários...
Prossegue von
Balthasar: “É da pregação que eles estão encarregados, o apelo à conversão, não
o sucesso. Se este faltar, isso não é da conta deles; devem simplesmente
prosseguir o seu caminho e fazer uma tentativa em outra parte.
Só nos é dito, ainda,
que os Doze se puseram a caminho e obtiveram alguns sucessos. É o Evangelho nu
(sem sofrer acréscimos) que age da maneira mais convincente.”
Orai sem
cessar: “Aqui
estou, envia-me!” (Is 6,8)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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