No tempo de Jesus, o Povo Escolhido
estava sob dominação romana, cujo Império envolvia todo o litoral do
Mediterrâneo. Até as autoridades religiosas se acomodavam à cultura pagã,
esforçando-se por não perderem seus privilégios. Do ponto de vista religioso, a
massa não recebia os cuidados pastorais. Era até mesmo desprezada pelos homens
do Templo, pelos escribas e fariseus (cf. Jo 7,48-49).
Conhecedores da Lei e dos profetas,
as lideranças religiosas deveriam ter reconhecido em Jesus o Messias prometido,
mas resistiram a isso. Por isso mesmo, mereceram de Jesus o rótulo de “cegos e
guias de cegos” (Lc 6,39). Foram até provocados pelo Mestre, que falava em
parábolas exatamente para que não entendessem a mensagem: “para que, vendo, não
vejam...” (Lc 8,10.)
De certo modo, o povo diz o mesmo
com o provérbio: “ninguém dá o que não tem”. E tem razão. Como os pais darão
formação religiosa a seus filhos se eles mesmos são ignorantes na matéria? Como
os mestres universitários orientarão os seus alunos, se eles mesmos são
desorientados em sua vida pessoal? O ministro de Deus poderá cumprir sua missão
se ele mesmo não tem tempo para viver na intimidade do Senhor?
A mesma cegueira se verifica em
autores, filósofos e pensadores que são adotados como gurus da sociedade, mas
foram profundamente erráticos e infelizes em sua vida pessoal? Tal como Jean
Paul Sartre, um dos pais do existencialismo moderno, que morreu urrando como um
animal. Ou como Sigmund Freud, que ainda possui um exército de adoradores, mas
viveu cheio de fobias, dependente de drogas, afastou a maior parte de seus
amigos, atacando-os com os piores qualificativos, e recebia da filha Anna
cartas iniciadas pelo vocativo: “Querido demônio”.
Seriam esses os guias para nossos
filhos? Pois são modelos nas universidades, onde se faz a mais deslavada
campanha para erradicar a fé de nossa juventude. Ali, os valores cristãos são
combatidos, alvo de zombaria e escárnio. E os pais pagam caro para expor seus
filhos a esta demolição... Eles deviam acreditar mais em si mesmos: apoiados na
oração, sustentados pela Palavra de Deus e pelos sacramentos, dariam eles
mesmos aos filhos a base de uma vida feliz, segundo os desígnios de Deus.
Estariam eles dispostos a ser os
olhos para seus filhos?
Orai sem
cessar: “Tenho os
olhos sempre no Senhor!” (Sl 25,15)

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