quarta-feira, 29 de agosto de 2018

PALAVRA DE VIDA


O carrasco cortou-lhe a cabeça... (Mc 6,17-29)
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           É natural que o leitor se escandalize com a morte violenta de João Batista... Como Deus permite assim o mal e a injustiça? O capricho de um governante bêbado, o ódio recalcado de uma adúltera, a indiferença de uma plateia de aduladores... E o Precursor do Messias é friamente degolado...

            E não será um caso isolado. Ao longo da História, há de seguir-se uma incontável legião de cristãos assassinados pelo ódio a Cristo, a multidão daqueles “que lavaram e branquearam suas vestes no sangue do Cordeiro”. (Ap 7,14)
            Estamos diante do mistério dos mártires. Se aceitamos que o Filho de Deus dê seu sangue por nossa salvação, devemos aceitar que nosso sangue venha a unir-se ao dele.
            Em seu livro “Pourquoi, Seigneur?”, Carlo Carreto reflete sobre este mistério cristão: “Pela revelação de Jesus crucificado, a Igreja se forma para reunir aqueles que crerão nele e que, regenerados por seu Espírito, tornam-se capazes de realizar o plano de Deus, que consiste em vencer o mal por meio do bem. É assim que nasce o mártir com sua indiscutida primazia”.
            “Desde então – prossegue Carreto – o que conta para estender o Reino não é o poder, mas o serviço; não é a vingança, mas o perdão; não é o orgulho, mas a humildade; não é a instrução, mas o sacrifício. A primazia do martírio passa a ser um valor absoluto, não somente para Jesus, mas para cada um de nós.”
            O escândalo diante da execução de João Batista nasce de nosso engano em considerar a vida humana mais importante que o testemunho de Jesus Cristo. O próprio Mestre havia ensinado: “Quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; quem perder sua vida por causa de mim, vai encontrá-la”. (Mt 16,25)
            Corre a areia da ampulheta, passam os séculos, e os mártires continuam avaliando que perder a vida por Cristo é lucro. Paulo o confirma: “Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele.” (Fl 3,8b-9a)
            Carlo Carreto conclui: “Será preciso completar em nós, como diz Paulo (cf. Cl 1,24), aquilo que falta à paixão de Cristo. O amor, que tem suas exigências, nos interpelará até o fundo do coração, nos perturbará, nos fará tristes... mas acabará por fazer-nos encontrar a luz”.
Orai sem cessar: “Seu sangue será precioso aos olhos do Senhor!” (Sl 72,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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