Ai dos ricos! (Lc
6,20-26)

Não. Claro que não. Deus ama a
todos, inclusive os ricos. Por isso mesmo, alerta-os a se deixarem amar,
proteger e cuidar. Deus quer que sua providência amorosa seja sentida também
pelos ricos.
E aqui está o problema deles. Na
condição de ricos, são tomados pela ilusão de que nada lhes falta. Facilmente
acabam com o coração preso a suas riquezas, afinal, “onde está o teu tesouro,
aí está o teu coração” (cf. Mt 6,21). Iludidos com sua aparente segurança,
tendem a se esquecer de Deus e a centrar-se em si mesmos: “Descansa, come, bebe
e regala-te”. (Lc 12,19.)
Se tenho tudo, de nada preciso.
Se tudo conquistei graças a meu próprio esforço, a quem eu seria grato? Se
conto apenas com minhas capacidades, meu saber, minha conta bancária, não sou
eu mesmo o meu próprio Deus?
Pior, anestesiados pela própria fartura,
tendem igualmente a se distanciar do próximo, como aquele rico que se
banqueteava enquanto Lázaro, o mendigo, passava fome à sua soleira, as feridas
lambidas pelos cães. (Lc 16, 19ss.) Distraídos de Deus, indiferentes ao
próximo, como experimentar o amor?
Claro, nem todo rico é assim tão
louco! No Evangelho, há gente poderosa que decide contar com o poder de Jesus,
como aquele centurião que pediu a cura do servo enfermo (cf. Lc 7,1-19). Havia
gente rica que ajudava a Jesus com suas posses (como Joana, mulher do
administrador de Herodes – cf. Lc 8,3), e foi também um homem rico que fez o
enterro de Jesus (cf. Lc 23,50; Jo 19,38-39).
Enfim, o mal não está na riqueza
em si, mas no apego aos bens materiais, que escravizam o coração humano. Sem
liberdade, como seguir a Jesus? Como amar o próximo? Por isso mesmo, quando o
jovem rico se dispôs a seguir o Mestre, ouviu dele qual seria o primeiro passo:
“Uma só coisa te falta... Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os
aos pobres e terás um tesouro no céu!” (Mc 10,21.)
Claro, o tesouro é o próprio
Jesus. E, como escreveu a Pequena Teresa, “quem tem Jesus, tem tudo...”
Orai sem cessar: “Graças a mim é que produzes fruto!” (Os 14, 8b)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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