Oferece a outra face... (Lc
6,27-38)

No tempo das cavernas, o agredido
costumava revidar além da conta. Quase sempre, a vingança ia muito além da
ofensa. Tanto que foi dada aos antigos a lei de Talião: “Olho por olho, dente
por dente” (cf. Mt 5,38). Permitia-se a vingança, mas proporcional à ofensa
sofrida. Sim, já era um progresso, pois, se dependesse de nossa capacidade de
odiar e revidar, a quem nos furasse um olho, vazaríamos os dois; a quem nos
quebrasse um único dente, arrancaríamos a dentadura inteira. Somos assim...
Então, a “nova lei” de Moisés ao menos estabelecia certo equilíbrio entre o
crime a punição.
Veio Jesus Cristo e corrigiu o velho adágio: “Eu, porém, vos digo: não
resistais ao mau”. (Mt 5,39.) E não só ensinou assim, mas agiu de acordo com
sua lição: cravado na cruz, rezava ao Pai em favor de seus agressores: “Pai,
perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem!” (Lc 23,34.) Estevão, o
protomártir, repetiria a mesma atitude (cf. At 7,60. Maria Goretti, apunhalada
seguidas vezes pelo jovem que tentava estuprá-la, perdoou-o antes de morrer.
Não deveríamos escandalizar-nos
muito mais com esses exemplos do que com a lição do Mestre? Ou, quem sabe,
escandalizar-nos com nossa facilidade em odiar e pedir vingança, com nossa
dureza de coração?
Sim, existe o direito de defesa.
O “Catecismo da Igreja Católica” (nº 2265) ensina: “A legítima defesa pode ser
não somente um direito, mas um dever grave, para aquele que é responsável pela
vida de outros. Preservar o bem comum da sociedade exige que o agressor seja
impossibilitado de prejudicar a outrem. A este título os legítimos detentores
da autoridade têm o direito de repelir pelas armas os agressores da comunidade
civil pela qual são responsáveis”.
Este é o direito reconhecido. Mas
não é forte o suficiente para nos levar a esquecer que Jesus recusou
defender-se, aceitando a prisão e a morte injustas. Não sem, antes, ordenar a
Pedro que embainhasse a espada, alertando-o: “todos os que tomam da espada
morrerão pela espada”. (Mt 26,52.)
Orai sem
cessar: “Procura a paz e vai atrás dela!” (Sl 34,15)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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