quarta-feira, 19 de setembro de 2018

PALAVRA DE VIDA


São como crianças... (Lc 7,31-35)
Imagem relacionada      Em outra passagem do Evangelho, Jesus manda que imitemos as crianças em sua simplicidade e ternura filial, chamando a Deus de “Abbá”, “paizinho”. Desta vez, porém, o comportamento infantil (ou melhor, infantilizado) é alvo da censura do Mestre. É que Jesus de Nazaré não correspondia à expectativa de muitos, e estes se punham a reclamar, a achar defeitos em Jesus, a ponto de lhe dar o rótulo de endemoninhado.
               Não sem humor, Jesus compara seus críticos às crianças imaturas e insatisfeitas que vivem chorando e reclamando. Na Palestina de seu tempo, havia duas ocasiões que marcavam profundamente a vida do povo: os casamentos e os funerais. Nestes, as mulheres faziam o importante papel de carpideiras, chorando estrepitosamente o falecido, diante dos lamentos proferidos pelos homens. Já nos casamentos, os homens eram encarregados da música, enquanto as mulheres dançavam.
               Assim como em nossa sociedade, as crianças gostam de brincar imitando o procedimento dos adultos. Na Palestina, brincavam exatamente de casamento e de enterro. E acontecia que alguém propunha um brinquedo e o outro discordava, provocando o mau humor (e até o choro) da criança que fizera a proposta. Esta é a imagem usada por Jesus para denunciar a má vontade dos fariseus e doutores da lei, que não quiseram “jogar o jogo” que Deus lhes oferecia em Jesus... “Tocamos flauta, e não dançastes... Entoamos queixumes, e não chorastes...” Adultos que agem como crianças emburradas!
               Seria também esse o nosso caso? Temos queixas e reclamações contra o Espírito de Deus que nos fala através da Igreja? Será que nosso Deus nos tem decepcionado quando faz propostas que não correspondem a nossos comodismos e preferências? Continuamos incapazes de “dançar conforme a música”? Faremos como Simão Pedro, o pescador que achou prudente dar um puxão de orelhas no seu Mestre?
               Talvez seja esta a explicação para muitas “conversões” (com aspas, por favor!), quando trocamos de paróquia ou até de Igreja porque as coisas não correram como nós esperávamos... Tínhamos um mapa mental e a receita ideal para a religião. Aí, a realidade destoou de nossos projetos e não fomos capazes de dar uma resposta ao desafio que nos era oferecido. Saímos chorando – imaturos e infantis – como os menininhos da velha Palestina...

Orai sem cessar: “Na minha noite, me fazes conhecer a sabedoria.” (Sl 51,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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