Nada oculto que não venha à luz... (Lc
8,16-18)
De tempos em tempos, a vida política do Brasil é dominada por uma onda de
CPIs. Dirigentes viram réus. Reputações rolam na sarjeta. Acordos firmados na
sombra da noite são revelados abertamente à luz do sol. A Operação Lava Jato é
bom exemplo. E confirma-se a palavra de Jesus: nossos pecados – ainda que no
dia do Juízo Final – serão todos revelados. Inútil o esforço de simular uma
fachada de bem quando o vício e o pecado vicejam em nós. Mais cedo ou mais
tarde, as máscaras cairão...
Mas esta passagem é inseparável da imagem da lâmpada de azeite, que a
dona da casa acende, ao entardecer, e deposita sobre o candelabro, bem no alto,
para que toda a casa fique iluminada. Em Nazaré, durante 30 anos, esta cena se
repetia todas as noites. E Jesus, desde menino, devia contemplar o rosto de sua
Mãe e pensar no significado de seu gesto: “É ela quem ilumina a nossa noite.
Quando eu crescer, também quero iluminar o mundo inteiro. Quero ser a luz do
mundo!”
Também José era contemplado por Jesus. Esse homem justo (cf. Mt 1,19)
também iluminava o Menino com seus exemplos. A presença paterna, sua dedicação
ao trabalho, sua ternura com Maria, sua retidão nos negócios – tudo era uma
lâmpada acesa diante de Jesus. Além de aprender a profissão de seu pai
nutrício, Jesus aprenderia seu jeito de andar, a música de sua voz, sua vida de
oração.
Quando, mais tarde, o Mestre da Galileia ordenar que nossa luz brilhe
diante dos homens, é claro que não nos impele a “fazer farol”, a assumir uma
atitude exibicionista. No fundo, ele nos alerta para a importância fundamental
dos bons exemplos, para o seu notável poder de contágio e de irradiação. Muito
mais que as palavras etéreas, os gestos concretos arrastam o mundo. Menos
discursos, mais atitudes...
Em várias ocasiões, o saudoso Papa João Paulo II nos lembrava que “o
homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres, mais na
experiência do que na doutrina, mais na vida e nos fatos do que nas teorias”; e
que “o testemunho da vida cristã é a primeira e insubstituível forma de
missão”. (Cf. Redemptoris Missio, 42.)
Como anda a nossa lâmpada? A luz do Espírito Santo arde em nós? Estamos
ajudando a iluminar as trevas de nosso século?
Orai sem cessar: “Senhor, sabeis
tudo de mim!” (Sl 139,2)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário