Desde o Antigo Testamento, as
promessas falavam de um Messias que seria enviado aos pobres, acudindo aos
órfãos, às viúvas e ao estrangeiro (cf. Is 1,17; 66,2; Os 14,3). Neste
Evangelho, Jesus de Nazaré acaba de anunciar a seus compatriotas que chegou o
“ano da graça do Senhor”, oferecido “de graça” aos pobres de Yahweh.
Em lugar de júbilo e alegria, a reação de seus ouvintes é de ira e furor.
Certamente, não se sentem pobres. Não era para eles a antiga profecia... As
promessas falavam de um Messias que seria enviado aos pobres, acudindo aos
órfãos, às viúvas e ao estrangeiro (cf. Is 1,17; 66, 2; Os 14,3). No entanto,
quando se anuncia a ternura de Deus pelos pobres, até a classe média (que não é
rica, a rigor) se sente incomodada. Talvez não se sintam pobres... E por isso,
sentem-se excluídos...
Ora, somos todos pobres. O rico
que não tem fé é pobre. O pobre que se revolta com sua pobreza, também é. O
idoso que vai perdendo a força e a saúde, eis o pobre! O milionário que só
conta consigo mesmo, como é pobre! Se o pobre que confia em Deus é rico, o
homem rico que se tranca a sete chaves com medo do ladrão, pobrezinho!... Frei
Raniero Cantalamessa fala de “ricos no tempo e pobres na eternidade”, quando
nossos tesouros são apenas as riquezas que passam, e não os valores eternos.
Dinheiro, terras e fama, tudo leva o tempo. Só o amor de Deus permanecerá
conosco...
Ouvir que Jesus veio para
anunciar a Boa Nova aos pobres devia nos encher de alegria e de gratidão!
Afinal, não podemos salvar a nós mesmos. Não há boa obra que possa comprar-nos
o céu. A salvação será sempre um dom gratuito que manifesta a misericórdia, o
“louco amor” de Deus por nós. Assim sendo, somos pobres: é sobre nós que se
derrama o rico amor de Deus.
Já é tempo, pois, de mudar de
mentalidade! Nós somos todos pobres. Somos miseráveis. E é exatamente a nossa
miséria que “faz cócegas” na misericórdia de Deus. Nossa miséria atrai seu
olhar de compaixão. Jesus deixou isto bem claro: quem precisa de médico é o
doente; ele não veio para os “justos”, mas para os pecadores...
Assim comenta a Bíblia de Navarra:
“Por ‘pobres’ deve entender-se,
segundo a tradição do AT e a pregação de Jesus, não tanto uma determinada
condição social, mas antes a atitude religiosa de indigência e de humildade
diante de Deus dos que, em vez de confiar nos seus próprios bens e méritos,
confiam na bondade e na misericórdia divinas”.
Orai sem
cessar: “Senhor, o fraco se entrega a
ti!” (Sl 10,14)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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