sexta-feira, 19 de outubro de 2018

PALAVRA DE VIDA

Valeis mais que muitos pardais! (Lc 12,1-7)
          
  Quanto vale um pardal? Quase nada. Avezita comum e sem maiores atrativos, compram-se dois deles por um ceitil (isto é, 10 gramas de cobre ou a décima parte de um dia de trabalho!). Não tem a voz melodiosa nem uma plumagem exótica. Apesar desse valor tão ínfimo, sua pequena vida está sob a supervisão do Criador.

            E nós, os filhos? Quanto valemos? Estaremos também nós sob os olhos vigilantes de Deus? Naturalmente que sim, ainda que uma “teologia da grandeza” tenha projetado universalmente a imagem de um Deus Todo-poderoso, arquiteto do Universo, mecânico dos planetas, Júpiter Tonante ocupado demais para gastar com os pequeninos um pedaço de sua olímpica eternidade...
            Mais de uma vez, o Mestre de Nazaré tentou mudar a concepção de seus contemporâneos, apresentando-lhes uma visão diferente de Deus, terna e paterna, um Deus que se comove exatamente com nossa fragilidade. Hoje, espero que você se livre definitivamente dessa triste imagem ao ler meu soneto “Contemplação”:

            Olho as aves do céu... Vejo os pardais
            Saltitando no rude calçamento
            Da rua, onde encontram alimento
            Que graciosamente Vós lhes dais...
Vejo o lírio do campo... Muito mais
Que Salomão, seu raro vestimento
Reflete a luz do sol no firmamento
Com os fios de ouro que fiais...
            Sois tão grande, meu Deus, mas dos pequenos
            Atendeis o mais leve dos acenos,
            Enquanto a noite vem e o dia vai...
Ah! Se os grandes soubessem tudo isso,
Dariam menos tempo ao seu serviço
Para buscar em vós o amor do Pai!

Orai sem cessar: “Em tuas mãos, ó Pai, entrego o meu espírito!” (Lc 23,46)

Texto e poema de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.

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