Valeis mais que muitos pardais! (Lc 12,1-7)
Quanto vale um pardal?
Quase nada. Avezita comum e sem maiores atrativos, compram-se dois deles por um
ceitil (isto é, 10 gramas de cobre ou a décima parte de um dia de trabalho!).
Não tem a voz melodiosa nem uma plumagem exótica. Apesar desse valor tão
ínfimo, sua pequena vida está sob a supervisão do Criador.
E nós, os filhos? Quanto valemos?
Estaremos também nós sob os olhos vigilantes de Deus? Naturalmente que sim,
ainda que uma “teologia da grandeza” tenha projetado universalmente a imagem de
um Deus Todo-poderoso, arquiteto do Universo, mecânico dos planetas, Júpiter
Tonante ocupado demais para gastar com os pequeninos um pedaço de sua olímpica
eternidade...
Mais de uma vez, o Mestre de Nazaré
tentou mudar a concepção de seus contemporâneos, apresentando-lhes uma visão
diferente de Deus, terna e paterna, um Deus que se comove exatamente com nossa
fragilidade. Hoje, espero que você se livre definitivamente dessa triste imagem
ao ler meu soneto “Contemplação”:
Olho as aves do céu... Vejo os
pardais
Saltitando no rude calçamento
Da rua, onde encontram alimento
Que graciosamente Vós lhes dais...
Vejo o
lírio do campo... Muito mais
Que Salomão, seu raro vestimento
Reflete a
luz do sol no firmamento
Com os
fios de ouro que fiais...
Sois tão grande, meu Deus, mas dos
pequenos
Atendeis o mais leve dos acenos,
Enquanto a noite vem e o dia vai...
Ah! Se os
grandes soubessem tudo isso,
Dariam
menos tempo ao seu serviço
Para
buscar em vós o amor do Pai!
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