Até o último centavo! (Lc
12,54-59)
É mais fácil predizer as alterações
climáticas que discernir os “sinais dos tempos”. Se sopra o Austro, fará calor.
Se há nuvens negras, logo choverá. Mas e os outros sinais? Os contemporâneos de
Jesus conheciam muito bem as profecias antigas, que anunciavam o Messias e os
sinais que iriam acompanhá-lo. Na sinagoga de Nazaré, Jesus fez uma lista deles
(cf. Lc 4,18-19). Quando os discípulos de João foram enviados a Jesus, voltaram
com um recado que citava os mesmos sinais (cf. Mt 11,4): “Cegos veem, coxos
andam, leprosos são limpos, surdos ouvem, mortos ressuscitam e pobres são
evangelizados.”
Jesus ainda lhes daria um “sinal”: o
sinal de Jonas, aludindo à sua própria ressurreição. Após três dias no fundo do
oceano, lugar dos mortos, devorado por um grande peixe, o profeta foi devolvido
à vida. Também Jesus ressuscitaria ao terceiro dia. Mas todos os sinais seriam
inúteis, pois não foram reconhecidos...
Todos esses milagres – suficientes
para demonstrar a divindade de Jesus, que serenou a tempestade, mudou água em
vinho, chamou Lázaro de volta à vida... – não bastaram para os homens do Templo
e os poderosos de Israel. Corações fechados, conspiraram contra Jesus e o
levaram à morte. Hoje, a situação permanece a mesma. Muitos se fecham ao
anúncio da Boa Nova e à mensagem do amor de Deus. Em maio de 2005, estive na
Universidade de Viçosa, MG, para uma palestra sobre Fé e Razão. Entre os
presentes, havia um grupo de estudantes que se dedicam a aprofundar-se no
ateísmo. Pretendem, mesmo, que se possa viver um “ateísmo científico”, como se
Deus estivesse ao alcance de telescópios e microscópios...
O Concílio ensina: “Sem dúvida, não
estão imunes de culpa todos aqueles que procuram voluntariamente expulsar Deus
do seu coração e evitar os problemas religiosos, não seguindo o ditame da
própria consciência; mas os próprios crentes, muitas vezes, têm
responsabilidade neste ponto. Com efeito, o ateísmo, considerado no seu
conjunto, não é um fenômeno ordinário, antes resulta de várias causas, entre as
quais se conta também a reação crítica contra as religiões e, nalguns países,
principalmente contra a religião cristã.” (GS, 19.)
Se os cristãos fossem mais humildes
e prestativos, mais caridosos e mais simples, certamente iriam favorecer o
reconhecimento de Jesus como nosso Salvador. Somos todos responsáveis. Se
ignoramos os sinais de Deus, acabaremos em dificuldades, pois seremos cobrados até
o último centavo...
Orai
sem cessar: “O meu socorro virá do Senhor!” (Sl
121,2)
Texto de Antônio Carlos
Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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