Como uma armadilha... (Lc 21,34-36)
Há muito tempo,
alguém me falou sobre o autor de um livro que apontava a corrida como método
para ter saúde, mas o próprio autor teve um infarto quando corria e veio a
morrer. Imprevistos desta vida...
Ora, nada mais
comum que os imprevistos em nossa história – alguns dignos de celebração, como
a notícia de uma gravidez, outros molhados de lágrimas salgadas, como um naufrágio.
É neste quadro que se insere a insegurança de nossa vida.
No Evangelho de
hoje, Jesus nos faz um alerta: como não é possível prever o dia de sua Vinda,
para julgar vivos e mortos, devemos viver na vigília, preparados para a “crise”
final. Naturalmente, não devemos encarar isto como uma ameaça, mas uma
advertência amistosa feita por alguém que nos ama e nos quer salvos.
Nas cartas do
apóstolo Paulo, são frequentes as “chamadas” de idêntico conteúdo. “Vós mesmos
sabeis que o dia do Senhor vem como um ladrão, durante a noite. Quando todo
mundo estiver dizendo ‘paz e segurança!’, então, de repente cairá sobre eles a
ruína, como as dores sobre a mulher grávida.” (1Ts 5,2-3.)
A palavra grega
utilizada por São Lucas é “págis”,
uma rede de pesca, uma tarrafa que cai inopinadamente sobre o peixe distraído.
E são exatamente essas “distrações” que nos deixam despreparados para o grande
Dia. Nas palavras de Jesus, “excessos, embriaguez e cuidados da vida”.
Em nosso tempo, é
bastante comum que as pessoas busquem por segurança: poupanças, aposentadoria,
planos de saúde, bons salários e apoio político. Uma dessas crises políticas ou
econômicas que pontilham o noticiário é suficiente para mostrar o engano de
nossas seguranças. O ricaço cerca-se de grades, cerca elétrica, porteiro
eletrônico e uma guarita na esquina. E talvez seja o guarda da guarita quem irá
assaltá-lo...
Parece cada vez
mais raro o tipo de cristão que sabe ordenar os valores em sua vida,
hierarquizando o espiritual acima do material. Estes “estranhos” apostam mais
na Providência do que na Previdência, chegando a dar a impressão de serem
irresponsáveis.
No entanto, esta
atitude lhes servirá de vacina, impedindo que se tornem operários invejosos,
comerciantes cobiçosos, donas de casa mesquinhas, pastores avarentos,
capitalistas medrosos; tendo apenas em Deus a sua segurança, certamente serão
alegres e felizes. Seus ombros não carregarão aquele fardo que, neste
Evangelho, Jesus chama de “corações pesados.
Orai sem cessar: “Minha
alma aguarda o Senhor!” (Sl 130,6)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário