Maria partiu às pressas... (Lc 1,39-45)
Às
vésperas do santo Natal, a Liturgia da Igreja apresenta aos nossos olhares (e
aos nossos corações) a atitude de prontidão da Mãe de Deus. Ela acaba de ser
visitada pelo anjo Gabriel e de receber o anúncio de sua eleição para gerar o
Filho de Deus na carne dos mortais. Longe de se fechar em si mesma, feliz com
privilégio tão especial, Maria de Nazaré põe-se a caminho.
Sim,
ela tem um bom motivo para visitar Isabel. Gabriel lhe falou sobre a gravidez
impossível da velha estéril, e isto não tinha sido um comentário ocasional. Era
muito mais: era o “sinal” que lhe dava segurança em responder com seu “sim” à
proposta do Senhor. Por isso mesmo, mais que movida pela simples disposição de
servir à parenta grávida, Maria vai conferir o sinal que lhe dera o anjo do
Senhor. E isto é um ato de fé.
Desde
as palavras do Papa Francisco na Exortação “Evangelii Gaudium”, está na
moda falar sobre a “Igreja em saída”. Que disse o Papa? “Na Palavra de
Deus, aparece constantemente este dinamismo de ‘saída’, que Deus quer provocar
nos crentes. Abraão aceitou a chamada para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn
12,1-3). Moisés ouviu a chamada de Deus: ‘Vai; Eu te envio’ (Ex 3,10), e
fez sair o povo para a terra prometida (cf. Ex 3,17). A Jeremias disse:
‘Irás aonde Eu te enviar’ (Jr 1,7). Naquele ‘ide’ de Jesus, estão
presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da
Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária. Cada
cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe
pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria
comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz
do Evangelho.”
No
caso de Maria, ninguém precisou dizer-lhe que saísse. Cheia do Espírito Santo,
ela se põe em movimento. Nas palavras de François Trévedy, Maria “é o ícone de
uma Igreja em trânsito, pois Deus não estabelece domicílio em nada que se instala,
e a transumância é a própria condição da Glória entre nós. Na manhã de Páscoa,
como na manhã da Visitação, que já parece traçar-lhe os passos, é sob o signo
do movimento que se fundamenta o futuro: Pedro e João também corriam, os dois
juntos”.
Por
tudo isso, Maria – mais uma vez – reflete como num espelho a missão da Igreja
neste mundo: sair ao encontro do mundo como portadora de uma Palavra que salva.
E bastou uma palavra, uma saudação, um “shalom”, para que Isabel e João,
ainda no seio materno, ficassem cheios do Espírito Santo.
Orai sem cessar: “Levanta-te,
minha amada!” (Ct 2,10)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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