Uma grande luz... (Is 9,1-6)
Foi
a luminosidade excepcional de uma conjunção de astros que apontou aos magos do
Oriente o caminho de Belém (cf. Mt 2,2). Na noite do Natal, os humildes pastores
ouvem o anúncio dos anjos inteiramente envolvidos pela luz gloriosa do Senhor
(cf. Lc 2,9) que vinha espantar as trevas da humanidade.
Era exatamente
desta “iluminação” que falava a antiga profecia de Isaías, em notável contraste
entre a triste condição humana (“habitavam as sombras da morte”) e a salvação
agora oferecida pelo Ungido de Deus (grande luz / alegria / felicidade / cangas
quebradas / um filho doado).
Desde
os primeiros séculos, os cristãos adotaram um crucigrama (uma cruz formada por
letras) com as palavras gregas phôs e
zoé [luz e vida], afirmando que
Cristo veio para ser nossa luz e nossa vida. O círio pascal, a vela do batismo,
a vela nas mãos do moribundo, as procissões luminosas – são apenas alguns dos
sinais adotados pela Igreja para acentuar o lado luminoso da fé.
Por
oposição, o pecado é visto como sombra, o paganismo como noite profunda,
enquanto a conversão é passagem para a luz. Na Carta aos Efésios, Paulo escreve
àqueles que foram batizados: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no
Senhor. Procedei como filhos da luz. E o fruto da luz é toda espécie de bondade
e de justiça e de verdade. [...] E tudo o que é manifestado torna-se claro como
a luz. Eis porque se diz: ‘Desperta, tu que estás dormindo, levanta-te dentre
os mortos e Cristo te iluminará’”. (Ef 5,8-9.14)
Representado
como “luz divina”, o Espírito de Deus, prometido desde o Antigo Testamento (cf.
Jl 3; Ez 36,26), veio na manhã de Pentecostes como um fogo iluminador (cf. At
2). À luz pura e simples, com seu papel de revelar e sanear, juntam-se as
línguas de fogo, que liquefazem o sólido e cauterizam as feridas. Desde
Pentecostes, a experiência cristã é uma iluminação.
Nossa
sociedade passa por uma noite de trevas. Suas marcas são a fraude e a mentira,
a verdade escamoteada, a ridicularização dos valores (sejam eles a pureza, a
castidade, o trabalho humilde, a honestidade...), ao lado das mais aviltantes
idolatrias, com o dinheiro escravizando a seus pés uma multidão de adoradores.
Neste
Natal, tornemos mais intensas as nossas orações, rogando ao Menino de Belém que
a noite se vá e nova aurora inunde os nossos corações.
Orai sem cessar: “Senhor, à tua luz veremos a luz!” (Sl
36,10)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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