quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

PALAVRA DE VIDA


 Sereis odiados... (Mt 10,17-22)
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              Pregadores de hoje – inclusive os que se autodenominaram bispos e apóstolos! – preferem pregar um “evangelho” hidroaçucarado, oferecendo à assembleia pílulas douradas e promessas de fama e riqueza. Jesus Cristo, em plena contramão, adverte seus seguidores que seriam perseguidos em razão de sua adesão à Boa Nova. Ao que se vê, ele não entendia de marketing...

               Em seu livro “A vida cotidiana dos primeiros cristãos” (Ed. Paulus, 1997), A.-G. Hamman nos dá um quadro da arriscada situação dos fiéis no Império Romano. Era da rua que vinha o ódio maior, numa época em que a opinião pública valia como contrapeso ao poder de César.
               “Por mais que o cristão vivesse com todo mundo, frequentasse termas e basílicas e exercesse as mesmas profissões que os outros, ele punha nisso matizes e, às vezes, reservas. Uma parte de sua existência escapava, surpreendia. Sua fé era tachada de fanatismo; sua irradiação, de proselitismo, e sua retidão, de censura.”
               O povo logo notava a mudança no convertido ao Evangelho: “A mulher evitava os trajes vistosos e o marido já não jurava por Baco ou por Hércules. Pagar impostos tornava-se suspeito: ‘Ele nos quer dar lições’, diziam esses mediterrâneos. Os cristãos eram conhecidos como escrupulosos a respeito de pesos e medidas. A honestidade se voltava contra eles e os indicava à atenção dos outros”. Numa só palavra, ser bom e honesto deixava o cristão em perigo.
               Se a ajuda mútua despertava a admiração do pagão, a fraternidade entre senhores e escravos parecia duvidosa e incompreensível aos mais cultos. Na escola, o jovem cristão já sofria bullying: chegou até nós o grafitti de um asno crucificado com a inscrição: “Alexâmenos adorando seu deus”. Logo abaixo, a resposta do jovem cristão: “Alexâmenos fiel!”
               O seguidor de Jesus não ia ao teatro (onde o nu total era comum) nem às arenas (a violência chegava até a morte do vencido). Essa ausência era notada e dava origem a boatos. Circulavam mexericos a respeito do culto eucarístico dos cristãos, acusados de canibalismo por imolar crianças vivas e beber seu sangue. O celibato voluntário e a virgindade valorizada eram motivo de zombaria.
               Estranheza, distância, desprezo, calúnias, perseguições: eis o preço de seguir Jesus. Não admira que poucos sejam fiéis. Ainda hoje...
Orai sem cessar: “Meus inimigos são muitos;
                              com ódio implacável me perseguem...” (Sl 25,19)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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