sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

PALAVRA DE VIDA


Herodes mandou matar... (Mt 2,13-18)
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               Esta é uma das páginas mais terríveis dos Evangelhos: o assassinato em massa de crianças inocentes. Ainda estávamos enlevados com o lirismo da gruta de Belém, e o ódio do rei invade a cena. Tentando atingir o novo “rei” que o ameaça, Herodes manda exterminar todas as crianças “de dois anos para baixo”, na humilde cidade de Davi.

               Eis o comentário de Edith Stein: “Desde o dia seguinte ao Natal, a Igreja depõe as vestes brancas de festa e se reveste da cor do sangue. Estêvão, o primeiro mártir a seguir a Senhor, e as crianças inocentes, lactentes de Belém e de Judá, que foram degoladas pelas mãos cruéis dos carrascos, reúnem-se em torno do Menino no presépio, formando o seu séquito.
               Que significa tudo isto? Onde está agora a alegria dos exércitos celestes? Onde a silenciosa ventura da noite santa? Onde está a paz sobre a terra?
               ‘Paz na terra aos homens de boa vontade!’ Mas nem todos são de boa vontade. O misterioso poder do mal envolvia o mundo na noite, e foi preciso que o Filho do Pai eterno descesse da glória do céu. As trevas cobriam a terra e ele veio como a luz que brilha nas trevas, e as trevas não o receberam.
               Para aqueles que o receberam, ele trouxe a luz e a paz; a paz com o Pai do céu, a paz com todos aqueles que também são filhos da luz e filhos do Pai, e a paz profunda do coração, mas não a paz com os filhos das trevas. Para estes, o Príncipe da paz não traz a paz, mas a espada. Para eles, Jesus é a pedra de tropeço contra a qual eles avançam e que os quebra. Eis a grave e pesada verdade que não deve dissimular o poético encanto do presépio.
               O mistério da encarnação e o mistério do mal estão estreitamente ligados. À luz descida do céu vem opor-se, tanto mais sombria e lúgubre, a noite do pecado.”
               E nós pensávamos que a Encarnação do Filho e sua presença entre nós fosse o início daquele reino decantado por Isaías, quando o lobo e o cordeiro pastariam juntos... Em nossa inocente ilusão, imaginávamos que o mal se entregaria sem reação, que as crostas do ódio se fundiriam em rios de mel...
               Não. O mal resiste ao bem. A avareza rejeita a partilha. O poder recusa a igualdade. A ambição não tem olhos para o pobre. No meio das palhas de trigo, o Menino estende a cada um de nós as mãozinhas inocentes, mas são muitos os que preveem prejuízos com a chegada de Jesus. Qual será a nossa reação?

Orai sem cessar: “Não esqueças para sempre, Senhor, a vida de teus pobres!” (Sl 74,19b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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