terça-feira, 6 de março de 2012

PALAVRA DE VIDA

E todos vós sois irmãos... (Mt 23,1-12)
            As divisões e hostilidades entre aqueles que dizem seguir o mesmo Mestre constituem um escândalo para o mundo. Se um marciano pousasse no planeta Terra, teria dificuldade em acreditar que somos membros da mesma raça. Um olhar neutro, mas sincero, percebe que nós estamos longe de viver como irmãos... Em sua Exortação apostólica “Reconciliação e Penitência” [1984], o Papa João Paulo II recordava os dolorosos fenômenos sociais de nosso tempo:
- direitos da pessoa humana espezinhados, em especial o direito à vida;
- insídias e pressões contra a liberdade dos indivíduos e das coletividades;
- discriminação racial, cultural, religiosa, etc.;
- violência e terrorismo; tortura e repressão ilegítima;
- acumulação de armas convencionais e atômicas;
- distribuição iníqua dos recursos e bens da civilização;
- progressivo distanciamento entre ricos e pobres;
- um mundo dividido em pedaços.
No entanto, ao mesmo tempo, experimenta-se nas mais diversas sociedades uma profunda “nostalgia de reconciliação”. “O mesmo olhar indagador – afirmava o Papa – se é suficientemente perspicaz, captará no seio da divisão um desejo inconfundível, da parte dos homens de boa vontade e dos verdadeiros cristãos, de recompor as fraturas, de cicatrizar as lacerações e de instaurar, em todos os níveis, uma unidade essencial. Este desejo comporta, em muitos casos, uma verdadeira nostalgia de reconciliação, mesmo quando não é usada tal palavra.” (RP, 3.)
Desde a segunda metade do Séc. XX, após o desastre e a agonia de duas guerras mundiais, inúmeras vozes se ergueram para clamar pela reconciliação. Belíssimos gestos humanos foram dados nesse sentido, ao estender as mãos sobre muralhas seculares de ódio e antagonismo. Na passagem do milênio, o próprio João Paulo II encabeçou um sentido processo de purificação da memória, ao pedir perdão, em nome de toda a Igreja, por faltas cometidas no passado.
Encontros de lideranças internacionais, visitas do Papa à sinagoga e ao Patriarca ortodoxo, suspensão mútua de excomunhões – tudo sinaliza o mesmo anseio de unidade e paz. A paz se constrói de gestos pequenos, diários. Seu ingrediente essencial é o perdão, que permite reatar a amizade rompida e recomeçar um caminho de fraternidade.
Por onde começaríamos nós?

Orai sem cessar: “A paz esteja convosco!” (Jo 20, 19)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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