quarta-feira, 21 de março de 2012

PALAVRA DE VIDA

 Eu também trabalho... (Jo 5, 17-30)
            Deus é amor, garante-nos o evangelista João. E o amor é ação. Ele nunca para, mas se manifesta como dinamismo incessante que se vê impelido a preencher todo vazio humano. No amor, não há descanso nem lazer. Na verdade, o Amor é uma Pessoa: o Espírito de Deus incessantemente projetado do Pai para o Filho e, logo, devolvido como resposta amorosa do Filho ao Pai.
            Foi exatamente esse amor ativo e criativo que gerou o Cosmo, desde os mínimos ovos da borboleta e as flores do jasmim até as galáxias e as supernovas. Foi o mesmo amor que se debruçou sobre a humanidade pecadora, para salvá-la do caos e da morte eterna. Foi esse amor que fecundou a Virgem, transformando-a na Mãe do Belo Amor. É esse amor que mantém sempre acesa a esperança dos homens e das mulheres, mesmo quando ogivas atômicas orbitam no planeta...
            No Evangelho de hoje, logo após ter curado um enfermo, e mais uma vez na mira de seus adversários, Jesus “justifica” a cura feita em pleno sábado (quando o trabalho era interdito) como a consequência inevitável do Amor que supera as normas e os estatutos. De uma vez por todas, amor e trabalho se revelam como dois polos da mesma realidade: trabalhar por amor e amar por meio do trabalho.
            Depois disto, o cristão jamais cometerá o desatino de traduzir o trabalho humano como castigo atribuído ao pecado original, mas perceberá o seu valor na História. Por isso mesmo, o saudoso Papa João Paulo II nos recordava: “A consciência de que o trabalho humano é uma participação na obra de Deus, deve impregnar – como ensina o recente Concílio – também as atividades de todos os dias. Assim, os homens e as mulheres que, ao ganharem o sustento para si e para as suas famílias, exercem as suas atividades de maneira a bem servir a sociedade, têm razão para considerar o seu trabalho um prolongamento da obra do Criador, um serviço dos seus irmãos e uma contribuição pessoal para a realização do plano providencial de Deus na história.” (Laborem Exercens, 25)
            E mais: “A mensagem cristã não afasta os homens da tarefa de construir o mundo, nem os leva a desinteressar-se do bem dos seus semelhantes, mas, pelo contrário, obriga-os a aplicar-se a tudo isto por um dever ainda mais exigente.” (Id. Ib.)
Extensão da missão de Cristo, a Igreja trabalha incessantemente para edificar um Reino de amor. E a marca registrada desse amor é o trabalho realizado pelas mãos humanas. E se existem muitos caminhos de salvação ao alcance da humanidade, nenhum deles supera o trabalho...

Orai sem cessar: “Por amor de Jerusalém, não descansarei!” (Is 62,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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