sábado, 24 de março de 2012

PALAVRA DE VIDA

 Homem algum falou como este! (Jo 7,40-53)
            Esta frase saiu da boca dos guardas enviados pelos sacerdotes do Templo de Jerusalém com a estrita missão de prender Jesus de Nazaré, cujo incômodo ensinamento ameaçava os donos do poder. Depois de se misturarem à multidão e ouvirem a notável pregação do Rabi, os soldados regressam a seus chefes com as mãos vazias: “Homem algum falou como este homem!”
            Não só os guardas daquele tempo, mas também os homens de empresa deste início de milênio estão descobrindo uma nova faceta em Jesus: seu notável poder de liderança! Uma palavra, e o seguem: “Vinde e vede!” (Jo 1,39) Uma ordem e os demônios fogem: “Sai deste homem!” (Mc 1,25) Um gesto e os guardas caem por terra (Jo 18,6). Sem poder econômico, sem recursos financeiros, sem apoio político, Jesus Cristo dividiu a História em duas fatias: antes de Cristo / depois de Cristo.
            Diferentemente dos demais rabinos de seu tempo, que ensinavam apoiados em uma tradição, sempre a citar as lições de seus próprios mestres, Jesus de Nazaré ensina “com autoridade” (Mt 7,29) e afirma que só repete aquilo que ouviu do próprio Pai. Audaciosamente, chega a contrapor a herança mosaica a uma Boa Nova ainda mais exigente: “Vocês ouviram dos antigos... Eu, porém, vos digo...” (Cf. Mt 5,21.27.33.)
            Não admira que corresse entre a multidão um frisson de admiração capaz de gerar muitas perguntas: “Seria ele o Messias esperado?” Pobre, de origem humilde, proveniente da periferia de Israel, como é que aquele “filho do carpinteiro” agitava de tal modo a sociedade de seu tempo?
            Os atuais comunicadores que organizam seminários para analisar a “liderança de Jesus Cristo” certamente não acharão a resposta em truques de oratória, em sua inteligência ou em possíveis recursos de neurolinguística. O que atrai em Jesus Cristo é, simplesmente, a Verdade. Não só a Verdade que ele traz do Pai, mas a Verdade que ele é. Todo aquele que faz contato com sua Palavra recebe dupla revelação: uma revelação sobre Deus e uma revelação sobre o homem.
            Enquanto ouvem o Rabi da Galileia, seu coração chega a arder (cf. Lc 24,32). Seu anúncio arranca as vendas que velavam os olhos humanos. Agora, sim, sabemos que Deus é nosso Pai. Agora, enfim, sabemos que somos filhos. Depois disso, a quem iremos (Jo 6,68), a não ser ao Senhor?
            Meu coração ainda arde com as palavras do Evangelho?

Orai sem cessar: “Guardo no fundo do meu coração a vossa Palavra!” (Sl 119,11)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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