Não é o filho do carpinteiro? (Mt 13,54-58)

Mas o que importa é bem outra coisa:
Jesus, o Filho de Deus que se encarnou, nascendo de Mulher, cresceu sob a
tutela de um trabalhador braçal. Aprendeu com ele o valor do trabalho. Viu no
suor de José a dignidade do operário que demonstra seu amor pela família quando
se sujeita ao peso e ao sofrimento inseparável de toda atividade humana.
Na Exortação Apostólica sobre a
figura e a missão de São José (Redemptoris Custos, 1989), o Papa João
Paulo II escrevia: “O trabalho humano, em particular o trabalho manual, tem no
Evangelho um acento especial. Juntamente com a humanidade do Filho de Deus, ele
foi acolhido no mistério da Encarnação, como também foi redimido de maneira
particular (grifado no texto original). Graças ao seu banco de trabalho,
junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou
o trabalho humano do mistério da redenção.” (RC, 22.)
Se durante séculos o trabalho manual
foi considerado impróprio para cidadãos livres, tal erro jamais se apoiou nos
Evangelhos. O próprio Jesus foi educado na oficina de José. Diz o Papa: “No
crescimento humano de Jesus “em sabedoria, em estatura e em graça” teve uma
parte notável a virtude da laboriosidade, dado que o trabalho é um bem
do homem, que transforma a natureza e torna o homem, em certo sentido, mais
homem.” (Cf. Laborem Exercens, 9.)
A história da Igreja, desde os
pescadores de Genesaré ao fabricante de tendas Paulo de Tarso, passando pelos
copistas medievais e pelos educadores mais recentes, como João Bosco, José de
Calasanz, Paula Montal e Joana de Lestonnac, foi sempre uma história de homens
e mulheres que trabalham. O critério paulino – “quem não trabalha, não coma!” –
animou os monges beneditinos a transformar um pântano na Europa que conhecemos
hoje.
Ninguém se admire, pois, ao ver a
Igreja celebrar a memória de um José Operário. É trabalhando que participamos
da obra de Deus...
Orai sem
cessar: “Ide vós
também para a minha vinha!” (Mt 20,4)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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