terça-feira, 1 de maio de 2012

PALAVRA DE VIDA

Não é o filho do carpinteiro? (Mt 13,54-58)
            O pai nutrício de Jesus é reconhecido como um carpinteiro. No latim, faber; no texto grego, tékton, o que poderia significar também um construtor, “armador” ou mesmo ferreiro, em uma época que talvez não permitisse a um homem do povo sobreviver apenas com uma profissão bem definida.
            Mas o que importa é bem outra coisa: Jesus, o Filho de Deus que se encarnou, nascendo de Mulher, cresceu sob a tutela de um trabalhador braçal. Aprendeu com ele o valor do trabalho. Viu no suor de José a dignidade do operário que demonstra seu amor pela família quando se sujeita ao peso e ao sofrimento inseparável de toda atividade humana.
            Na Exortação Apostólica sobre a figura e a missão de São José (Redemptoris Custos, 1989), o Papa João Paulo II escrevia: “O trabalho humano, em particular o trabalho manual, tem no Evangelho um acento especial. Juntamente com a humanidade do Filho de Deus, ele foi acolhido no mistério da Encarnação, como também foi redimido de maneira particular (grifado no texto original). Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da redenção.” (RC, 22.)
            Se durante séculos o trabalho manual foi considerado impróprio para cidadãos livres, tal erro jamais se apoiou nos Evangelhos. O próprio Jesus foi educado na oficina de José. Diz o Papa: “No crescimento humano de Jesus “em sabedoria, em estatura e em graça” teve uma parte notável a virtude da laboriosidade, dado que o trabalho é um bem do homem, que transforma a natureza e torna o homem, em certo sentido, mais homem.” (Cf. Laborem Exercens, 9.)
            A história da Igreja, desde os pescadores de Genesaré ao fabricante de tendas Paulo de Tarso, passando pelos copistas medievais e pelos educadores mais recentes, como João Bosco, José de Calasanz, Paula Montal e Joana de Lestonnac, foi sempre uma história de homens e mulheres que trabalham. O critério paulino – “quem não trabalha, não coma!” – animou os monges beneditinos a transformar um pântano na Europa que conhecemos hoje.
            Ninguém se admire, pois, ao ver a Igreja celebrar a memória de um José Operário. É trabalhando que participamos da obra de Deus...

Orai sem cessar: “Ide vós também para a minha vinha!” (Mt 20,4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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