Vê Aquele que me enviou... (Jo 12,44-50)

Mas não podemos ficar na estética dos ícones. Todo o Evangelho mostra em definitivo essa interação vital entre o Filho e o Pai. Ainda adolescente, Jesus adverte Maria e José sobre sua imperiosa “necessidade” de comunhão: “Não sabíeis que devo ser para [as coisas de] meu Pai?” (Lc 2,49) E pela vida afora, ele insistiria neste ponto: “Meu Pai trabalha continuamente, e eu também trabalho.” (Jo 5,17) “Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.” (Jo 5,23) “Eu e o Pai somos um.” (Jo 10,30) “Quem me vê, vê o Pai.” (Jo 14,9)
De fato, ler o Evangelho e ficar preso apenas à figura de Jesus de Nazaré, sem perceber em sua pessoa a manifestação do amor do Pai, seria posicionar o Mestre entre outros sábios e profetas da História, outros taumaturgos ou líderes sociais. Ora, no coração de Jesus, está o coração de um Filho: exatamente o Filho que veio do Pai para reatar nossa filiação rompida pelo pecado.
Além de anunciar a Boa Nova e dar sua vida por nós, em sacrifício de redenção, Jesus cumpriu a missão de nos revelar o Pai. Como num jogo de espelhos, a imagem de Jesus que cura o enfermo e ressuscita o morto, remete ao Pai, que é fonte da vida. A figura de Jesus que ensina o Caminho aos homens remete ao Pai, que é a fonte da sabedoria eterna. Os gestos e palavras de Jesus, quando perdoa os pecadores, recordam que as entranhas do Pai têm infinita misericórdia, e Ele está pronto a se compadecer da mais repulsiva de nossas misérias...
Após a Encarnação do Verbo, o Cosmo nunca mais será o mesmo. Mais que uma “trans-elementação”, toda a Criação foi injetada do divino. Depois que Jesus passou pela terra, podemos repetir sem hesitação: “O Pai nos visitou! Deus não abandonou o seu povo!”
E então? Ainda poderíamos permanecer indiferentes? Fechados a tanto amor?
Orai sem cessar: “Meu Pai! Meu Deus! O rochedo que me salva!” (Sl 89,27)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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