Sei quem Tu és... (Mc 1,21b-28)
Este
Evangelho deixa visível o permanente combate entre o mal e o bem. Não uma abstrata
oposição entre energias contrárias, um simples jogo de forças entre princípios
abstratos do bem e do mal. Trata-se de uma guerra pessoal entre o demônio (a
quem o Papa Paulo VI chamou de “uma eficiência”, e não a simples “deficiência
do Bem”) e Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado.
Mesmo em
ambiente católico, vulgarizou-se a tendência a negar a existência de anjos
decaídos ou demônios, cristalizados em sua rebeldia contra Deus e dedicados a
afastar dele os homens e mulheres que são alvo da afeição divina. É notável o
esforço que se faz para reduzi-los à categoria de mitos primitivos, ainda que
esse esforço signifique expurgar os Evangelhos de numerosas páginas e pôr-se em
rota de choque com o Magistério da Igreja.
Eis o comentário da Bíblia de
Navarra: “A oposição do demônio a Jesus vai aparecendo, cada vez mais clara: é
solapada e sutil no deserto; manifesta e violenta nos endemoninhados; radical e
total na Paixão, que é ‘a hora do poder das trevas’ (Lc 22,53). A vitória de
Jesus é também cada vez mais patente, até o triunfo total da Ressurreição”.
Neste texto,
o adversário fala pela boca do possesso, como se conhecesse a natureza divina
de Jesus: “Sei quem Tu és: o Santo de Deus!” Mas não podemos esquecer que se trata
do “pai da mentira”. Para os Padres da Igreja, a verdadeira identidade de Jesus
permaneceria oculta ao demônio até sua morte e ressurreição. Estaria, pois, o
inimigo a testá-lo, tentando levar Jesus a se revelar em sua natureza divina,
com a intenção de abortar sua possível missão salvadora.
Por isso
mesmo, Jesus reduz o espírito imundo ao silêncio: “Cala-te!” Com exceção dos
mais próximos, a quem Jesus se manifesta sem reservas, era oportuno que sua
divindade permanecesse oculta até o coroamento de sua missão. Nesse mesmo
sentido, Santo Inácio de Antioquia ressalta a importância de a Virgem Maria ter-se
casado com São José, para que ficasse oculto ao demônio que o parto de Jesus
era o parto de uma Virgem, e ele pensasse que se tratava de uma mulher casada.
Mas há outro
aspecto que nos devia deixar impressionados: enquanto o demônio anuncia bem
alto que ele conhece quem é Jesus, nosso mundo de hoje parece ignorar por
completo a Pessoa e a missão salvífica do Senhor Jesus, vivendo como se Cristo
não tivesse morrido por nós.
Pais e formadores se preocupam em dar
aos filhos e educandos todo tipo de informação e conhecimento sobre meios de
ganhar dinheiro, ficar famoso e ter sucesso, mas deixam na sombra a amizade com
Jesus e a salvação que Ele traz para todos. Pior que o capeta!!!
E nós?
Sabemos quem é Jesus?
Orai sem cessar: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” (Mt 16,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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