Na
moeda, a efígie de César. É César quem manda cunhar as moedas do Império Romano.
Natural que elas voltem a seu “criador”...
No homem, a imagem de Deus (cf. Gn
). Foi Deus quem modelou Adão da argila primordial. Natural que ele se volte
para sua Fonte.
Simples? Nada disso! Com as reluzentes
moedas de César nós podemos comprar fazendas no Pantanal, podemos fundar
impérios na mídia, podemos manipular partidos políticos. E assim se edifica o
inferno dos homens, ainda mais que as moedinhas têm sido arrancadas da bolsa
dos miseráveis...
O bom Deus, ao contrário, não quer
nossos pequenos discos de metal. Deus quer apenas nossos corações, o santuário
de onde brotam nossos anseios e desejos. Deus não brinca de Tio Patinhas...
Como escreveu Santo Agostinho, Jesus
se vale de uma pequena moeda para nos recordar a extrema exigência que Deus nos
faz. “César quer recuperar sua imagem que figura sobre a moeda. Como Deus não
iria querer recuperar a sua imagem gravada no homem? E é de modo semelhante que
nosso Senhor Jesus Cristo nos convida, quando ordena que amemos nossos
inimigos, pois ele toma o exemplo de Deus: ‘Sede como vosso Pai que está nos
céus: ele faz erguer o seu sol sobre os bons e os maus, e cair a chuva sobre os
justos e os injustos. Sede, pois, perfeitos como vosso Pai é perfeito.”
Sim, temos uma imagem em nós. A
imagem do Criador. Sobre seu “molde” fomos modelados. Não podemos fraudar esta
imagem. Não podemos passar ao mundo uma imagem falsa do Pai que nos criou. O
apego ao dinheiro e os bens materiais passaria ao mundo a imagem de um Deus
acumulador, avarento, possessivo.
Ora, o Deus revelado em Jesus Cristo
é um Deus doador, desapegado, altruísta. O extremo despojamento vivido por
Jesus Cristo aponta para o ideal cristão, a meta a ser atingida. Sendo Deus, se
faz homem. Homem, se faz servo, lavando os pés dos discípulos. Servo, se faz
escravo, morrendo na cruz, suplício proibido a um cidadão romano. Desce ainda
mais: ao túmulo, um Deus defunto! E desce muito mais: à mansão dos mortos, para
evangelizar os homens das eras passadas (cf. 1Pd 3,19). E atentos ao momento da
consagração, na liturgia eucarística, veremos que ele continua descendo, agora
sob a aparência de massa de água e farinha de trigo...
A quem daremos nosso coração? Para
quem se voltam nossas esperanças e o suor de nosso trabalho? Que tipo de
tesouro nós pretendemos acumular? Como iremos investir o nosso amor?
Orai sem cessar: “Onde está o teu tesouro, aí o teu coração.” (Mt 6,21)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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