Ele
não é Deus dos mortos!
(Mc 12,18-27)
Hoje, vamos ouvir São Cirilo de
Jerusalém [+387], em uma de suas “Catequeses Batismais”:
“Toda alma que crê na ressurreição
trata a si mesma com respeito. Quem não crê na ressurreição abusa de seu
próprio corpo como o faria de um corpo estranho. A Santa Igreja nos ensina a fé
na ressurreição dos mortos: artigo importante e muito necessário, combatido por
muitos, mas estabelecido pela verdade. Os gregos o combatem, os samaritanos o
negam, os heréticos o rasgam. A contradição tem muitos rostos, mas a verdade só
tem um.
Há cem ou duzentos anos, onde
estávamos todos nós? Ignoras que foi a partir de coisas sem força, nem forma,
nem diversidade que nós fomos gerados? Aquele que criou o que não existia, não
ressuscitará o que morreu após ter existido?
Dirijamo-nos, agora, aos escritos da
Lei. Deus diz a Moisés: ‘Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó’. (Ex
3,6.) Se Abraão estava morto, bem como Isaac e Jacó, então Deus é o Deus
daqueles que não existem! Então, é preciso que Abraão, Isaac e Jacó ainda existam
para que, nesta passagem, Deus seja o Deus de personagens existentes. É que ele
não disse ‘eu era Deus deles’, mas ‘eu sou’.
A vara de Aarão, quebrada, morta,
pôs-se a florir sem mesmo experimentar a água (Nm 17). Esse bastão, por assim
dizer, ressuscitou dos mortos e o próprio Aarão não ressuscitaria? Deus opera
um milagre em um pedaço de pau, e não daria a ressurreição ao próprio Aarão?
Para criar o homem, Deus mudou a
poeira em carne; a carne não seria de novo restaurada em carne? De onde tiraram
sua existência os céus, a terra e o mar? E o sol, a lua, as estrelas? Como os
pássaros e os peixes foram extraídos das águas? Tantas miríades de criaturas
foram transportadas do nada ao ser, e nós, os homens, criados à imagem de Deus,
será que não ressuscitaremos?
São numerosos os textos da Escritura
que testemunham em favor da ressurreição dos mortos. Para lembrar, limitemo-nos
a citar aqui a ressurreição de Lázaro, quatro dias após sua morte (Jo 11), ou
ainda a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7,11ss), ou a filha do chefe
da sinagoga (Lc 8,49ss). Acima de tudo mais, seja lembrado que Cristo
ressuscitou dos mortos.
Também os apóstolos ressuscitaram
mortos: Pedro em Jope, Paulo em Trôade (cf. At 9,36ss; 20,9ss).
Recordai ainda todas as palavras escritas
por Paulo aos coríntios: ‘Se os mortos não ressuscitam, então também Cristo não
ressuscitou’. (1Cor 15,13.) Depois, ele chamou de ‘loucos’ aqueles que não
acreditavam. E aos tessalonicenses: ‘Os mortos que estão em Cristo
ressuscitarão primeiro’. (1Ts 4,16.)”
Orai sem cessar: “Em minha própria carne, verei a Deus!” (Jó 19,26)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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