Não
cometerás adultério!
(Mt 5,27-32)

No Antigo Testamento, este
mandamento visava diretamente à proteção da família, considerando como
pecaminoso o olhar de desejo sobre a mulher do próximo. Jesus, como sempre, dá
algumas voltas a mais no parafuso e mostra-se ainda mais exigente: “Eu, porém,
vos digo: Todo aquele que olhar uma mulher para a cobiçar, já adulterou com ela
em seu coração”.
E estamos de volta ao “coração do
homem”, expressão bíblica que se refere àquele santuário interior de onde
brotam o bem e o mal. O âmago do ser, onde está situada a capacidade volitiva,
que faz a escolha nas decisões essenciais de nossa vida. Nossos atos exteriores
apenas revelam o que pulsava no íntimo do homem.
Para Jesus, não basta não chegar
aos atos, é preciso vigiar sobre os movimentos mais profundos de nossa pessoa,
pois dali nascerão as nossas ações. A história do Rei Davi (cf. 2Sm 11) ilustra
muito bem essa avalancha encosta abaixo, que começa com um olhar vadio e
cúpido, passa pelo convite, chega ao adultério e culminará com a mentira, a
trapaça e o homicídio culposo, para escândalo de todo o povo.
Vigiar o próprio coração pode ser
difícil. Pode sair caro. Pode custar o olho direito, a mão direita. Não se
trata de cometer mutilações em nosso corpo, mas de sacrificar a Deus aquilo que
tem para nós o máximo valor, ordenando os valores para que a obediência amorosa
a Deus venha em primeiro lugar.
Especialmente quando certos pecados,
tão repetidos, se tornaram uma espécie de segunda natureza, a conversão do
coração exigirá uma vida de oração, o recurso frequente aos sacramentos da
Reconciliação e da Eucaristia. Também a devoção filial à Virgem Maria será de
grande ajuda aos que desejam iniciar um caminho de purificação interior. Os
humildes vencerão, sem se desesperar com alguma recaída em sua ascensão para
Deus, voltando sempre ao socorro da Graça oferecida ao filho pródigo. Os
orgulhosos desanimam, pois, afinal, contam apenas com seu próprio esforço.
Sou sincero e verdadeiro diante de
Deus? Ou estou mascarando minhas intenções profundas, enganando a mim mesmo e
caminhando para o inferno?
Orai sem cessar: “Um coração arrependido e
humilhado, ó Deus,
não
haveis de desprezar!” (Sl
5l,19)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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