sábado, 8 de junho de 2013

PALAVRA DE VIDA

 Aflitos, à tua procura... (Lc 2,41-51)
      Esta aflição, só pode imaginá-la quem já teve um filho desaparecido, uma filha sequestrada. Quem passou uma noite de angústia à procura de uma jovem que não chegava... E no caso deste Evangelho, era o Filho de Deus!
            Nas grandes festas do povo judeu, Jerusalém podia abrigar 150 mil peregrinos. Alguns estudiosos chegam a elevar significativamente este número. Um formigueiro humano, em área bem reduzida, onde uma criança facilmente se perderia...
            Da humilde Nazaré a Jerusalém, por 120 a 140km de estrada montanha acima, até as montanhas de Judá, a comitiva dos peregrinos tinha os homens à sua frente; atrás, as mulheres e as crianças. Jesus chegara à idade de celebrar sua cerimônia de maioridade, o Bar Mitzvah (em hebraico, o “filho do preceito”), quando o adolescente, aos doze ou treze anos, passava a ser responsável por seus próprios atos e assumia o direito de proclamar a Palavra na sinagoga judaica.
            Após a Páscoa, de volta a Nazaré, Jesus não estava com as mulheres e Maria deve ter julgado que, agora “adulto”, estaria com os homens adiante. Não estava. José, por sua vez, deve ter avaliado que, mesmo após o seu Bar Mitzvah, o “garoto” estaria com os coleguinhas lá entre as mulheres. Não estava...
            Após um dia de caminho, quando os casais se reuniram para a sopa, deram pela falta do Menino. Ah! A angústia de refazer o caminho e buscar em vão pelo filho perdido, junto a parentes e conhecidos, durante três dias, para, enfim, encontrá-lo no Templo, entre os doutores da Lei, que se espantavam da incomum sabedoria de Jesus!
            E a sentida queixa materna: “Meu filho, que nos fizeste?! Teu pai e eu, ansiosos, à tua procura...” E a resposta inesperada: “Não sabiam que eu devo cuidar da Casa de meu Pai?” Afinal, quantos pais tinha esse Menino? Dois, parece. Um pai (com minúscula) legal, nutrício, putativo: José. E outro Pai (com maiúscula) divino, eterno, genitor. E este Pai tem claramente a precedência. Dele o Filho provém e para Ele voltará, tão logo tenha cumprido a sua missão terrena.
            Também nossos filhos não nos pertencem. Pertencem a Deus. Pertencem à missão que Deus traçou para eles. Teremos, talvez, noites de angústia quando se perderem por seus caminhos. Mas não podemos retê-los, quando chegar sua hora de partir, palmilhar sua própria estrada, carregar sua cruz...
            Nós também somos filhos. Deus está todo o tempo à nossa procura. Quando permitiremos que ele nos encontre?

Orai sem cessar: “Senhor, como são amáveis as vossas moradas!” (Sl 84,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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