Alegrai-vos
comigo! (Lc
15,3-7)

Mas não podemos sair do foco: Deus
tem um coração! Desde que o Verbo se encarnou, nascendo de Mulher, existe um
coração em Deus. O transcendente se fez imanente, pondo-se ao alcance de nossos
sentidos. Sua “descida” [sua kênosis]
o levou a assumir uma natureza humana como a nossa, o que incluiu um corpo com
nossas dores e cansaços, suor e lágrimas, sofrimento e morte. E mais: emoções e
sentimentos humanos, inquietações e dúvidas, que o levavam ao Pai para
discernir o caminho a seguir.
Vale lembrar que a divulgação da
devoção ao Sagrado Coração de Jesus está ligada às aparições do Séc. XVII,
concedidas a Santa Margarida Maria Alacoque, religiosa do Mosteiro da
Visitação, em Paray-le-Monial (França). Na chamada “grande aparição”, em 1675,
Jesus se lamentava da ingratidão dos homens e pediu uma festa oficial de
reparação, a cada ano, na sexta-feira seguinte à oitava de Corpus Christi.
Em geral, ignora-se que a verdadeira
devoção ao Coração de Jesus é uma devoção missionária! Como resultado daquelas
aparições, a espiritualidade do Sagrado Coração se espalhou pelo mundo inteiro.
Numerosas congregações religiosas são fundadas na Europa, enviando missionários
por todo o planeta.
Foi o caso dos padres do Sagrado
Coração de Jesus de Bétharram, congregação fundada por São Miguel Garicoïts
(1835), e dos Missionários do Sagrado Coração, do Padre Jules Chevalier (1854),
bem como dos padres Dehonianos, fundados por Léon Dehon (1878). Logo chegaram à
China e ao centro da África para anunciar que Deus tem um coração que acompanha
nossos passos e se mostra sempre compassivo, fazendo sua a nossa dor.
Naqueles tempos marcados pelo
rigorismo jansenista, com suas pregações ameaçadoras e os fiéis mantidos bem
longe da comunhão eucarística, já que eram considerados indignos de se
aproximarem de Deus, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus viria humanizar
pouco a pouco a espiritualidade católica. Em pleno Séc. XIX – 200 anos depois!
- Santa Teresinha de Lisieux ainda sofreria com as ressonâncias do jansenismo.
Em nossos dias, ainda existem grupos
que pregam uma espiritualidade aérea, desencarnada, como se fôssemos anjos,
quando o próprio Filho de Deus preferiu humanizar-se para ser o Deus-conosco
anunciado pelos profetas.
O pastor deste Evangelho é a imagem
de Jesus Cristo, que sempre sai a campo em busca da ovelha perdida, que sou
eu...
Orai sem cessar: “Eu lhes darei um coração capaz
de me conhecer...” (Jr 24,7)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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