sexta-feira, 7 de junho de 2013

PALAVRA DE VIDA

Alegrai-vos comigo! (Lc 15,3-7)
   No dia em que a Santa Igreja celebra o Coração de Jesus, o Evangelho nos traz um convite à alegria. Motivo? A ovelha perdida foi recuperada... É isto que alegra o coração de Deus.
      Mas não podemos sair do foco: Deus tem um coração! Desde que o Verbo se encarnou, nascendo de Mulher, existe um coração em Deus. O transcendente se fez imanente, pondo-se ao alcance de nossos sentidos. Sua “descida” [sua kênosis] o levou a assumir uma natureza humana como a nossa, o que incluiu um corpo com nossas dores e cansaços, suor e lágrimas, sofrimento e morte. E mais: emoções e sentimentos humanos, inquietações e dúvidas, que o levavam ao Pai para discernir o caminho a seguir.
  Vale lembrar que a divulgação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus está ligada às aparições do Séc. XVII, concedidas a Santa Margarida Maria Alacoque, religiosa do Mosteiro da Visitação, em Paray-le-Monial (França). Na chamada “grande aparição”, em 1675, Jesus se lamentava da ingratidão dos homens e pediu uma festa oficial de reparação, a cada ano, na sexta-feira seguinte à oitava de Corpus Christi.
            Em geral, ignora-se que a verdadeira devoção ao Coração de Jesus é uma devoção missionária! Como resultado daquelas aparições, a espiritualidade do Sagrado Coração se espalhou pelo mundo inteiro. Numerosas congregações religiosas são fundadas na Europa, enviando missionários por todo o planeta.
            Foi o caso dos padres do Sagrado Coração de Jesus de Bétharram, congregação fundada por São Miguel Garicoïts (1835), e dos Missionários do Sagrado Coração, do Padre Jules Chevalier (1854), bem como dos padres Dehonianos, fundados por Léon Dehon (1878). Logo chegaram à China e ao centro da África para anunciar que Deus tem um coração que acompanha nossos passos e se mostra sempre compassivo, fazendo sua a nossa dor.
            Naqueles tempos marcados pelo rigorismo jansenista, com suas pregações ameaçadoras e os fiéis mantidos bem longe da comunhão eucarística, já que eram considerados indignos de se aproximarem de Deus, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus viria humanizar pouco a pouco a espiritualidade católica. Em pleno Séc. XIX – 200 anos depois! - Santa Teresinha de Lisieux ainda sofreria com as ressonâncias do jansenismo.
            Em nossos dias, ainda existem grupos que pregam uma espiritualidade aérea, desencarnada, como se fôssemos anjos, quando o próprio Filho de Deus preferiu humanizar-se para ser o Deus-conosco anunciado pelos profetas.
            O pastor deste Evangelho é a imagem de Jesus Cristo, que sempre sai a campo em busca da ovelha perdida, que sou eu...
Orai sem cessar: “Eu lhes darei um coração capaz de me conhecer...” (Jr 24,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário