sexta-feira, 19 de julho de 2013

PALAVRA DE VIDA

 Quero a misericórdia... (Mt 12,1-8)
            Mais uma vez – eles nunca se cansam! – os fariseus buscam algum motivo para acusar a Jesus e sua “troupe”: quebrando com a mão algumas espigas, ao atravessarem um trigal, estariam quebrando também o repouso sagrado do sábado.
            Ora, os adversários de Jesus faziam uma leitura excessivamente rigorista da Lei, pois o grupo estava em viagem, e a mesma Lei (cf. Dt 23,26), atenta às necessidades do pobre, do peregrino, do estrangeiro em viagem, sabia fazer tais exceções. Por isso mesmo, a virulência dos inimigos de Jesus seria asperamente repreendida com a palavra do profeta: “Eu quero a misericórdia, não o sacrifício!”
            Com este argumento extraído da Escritura Sagrada, Jesus, o Rabi de Nazaré, aponta para uma hierarquia de valores que deve ser observada no conjunto da Lei: não faz sentido deixar que alguém morra de fome só porque é o Sábado, quando o Criador descansou. Em outros termos, o amor pela vida, a proteção dos vivos está acima de qualquer outro preceito menor.
            Também para nós, cristãos, que observamos o Domingo, dia da Ressurreição do Senhor, há deveres de caridade e de serviço ao próximo que justificam o trabalho necessário e inadiável. Um médico não pode citar o Catecismo para deixar de atender a um enfermo. A Igreja sabe (e ensina) que os serviços essenciais devem continuar em pleno Dia do Senhor. Aliás, hoje, tal como no tempo de Jesus, é exatamente no dia de repouso que os ministros de Deus trabalham dobrado!
            Os fariseus continuam vivos e ativos em nosso tempo. Sobreviveriam – creio – mesmo a uma guerra atômica. Os mesmos que acusavam Jesus de desprezar a Lei, quando ele curava, em dia de sábado, uma doente que sofria há 18 anos! E Jesus pergunta, indiretamente: “Haverá algo mais importante que salvar uma vida?” Também hoje eles se dedicam a coar as moscas e engolir os camelos (cf. Mt 28,24). Não percebem que a própria Lei deve estar submissa ao amor...
            Em tempo: misericórdia não significa libertinagem. Significa que as normas e os preceitos devem ser passados pelo crivo do amor. Aliás, cada mandamento foi criado exatamente em vista do amor.
            Que espaço tenho reservado para a misericórdia em minha vida?
Orai sem cessar: “Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia!” (Sl 85,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário