Enquanto todos dormiam... (Mt 13,24-30)
Já
refletimos juntos sobre esta mesma passagem: o trigo bom e o joio mau crescendo
juntos até a colheita, convivendo lado a lado até o dia do Grande Juízo, a
colheita da humanidade. E o mistério da paciência de Deus, que parece estender
o nosso tempo de conversão...
Hoje,
porém, vamos focalizar outro ângulo. Quando foi que o “inimigo” semeou a
cizânia sobre a semente do trigo já semeada? Quando todos dormiam...
Satisfeitos com o trabalho da semeadura, cheios de esperança de boa brotação,
foram todos celebrar, dormindo o despreocupado sono dos justos.
Foi
na calada da noite que o adversário se infiltrou. Não havia guardas nem
sentinelas. Os cães não ladraram. Quando o dia raiou, o mal estava feito... Faz
pensar em nossa sociedade? Faz pensar em nossas famílias? No mínimo, faz
lembrar a advertência de Jesus? “Vigiai e orai, porque não sabeis o dia nem a
hora!” (Mc 13,35.)
Quem
viu a profunda mudança da sociedade brasileira na segunda metade do Séc. XX
sabe que todos nós cochilamos. Diante do processo de industrialização, o êxodo
rural, a chegada da TV, as mudanças do pós-Vaticano II, nós não fomos
vigilantes como deveríamos ter sido. Distraídos, tivemos nossas raízes
culturais abaladas, os laços familiares rompidos, nossa própria fé desfigurada.
Os
pais rezavam o terço em família, os filhos deixaram de ir à missa, os netos se
perguntam que diferença faz casar-se na Igreja ou simplesmente se “juntar”...
Isto, em menos de 50 anos! Nós fomos envolvidos por outras vozes. Duvidamos dos
valores que havíamos herdado de nossos maiores, pois pareciam meio “quadrados”
diante do novo mundo que se avizinhava.
Hoje,
sabemos que falhamos. Dormimos enquanto o inimigo semeava o joio. Eis a droga e
a violência. A quebra da autoridade dos pais e professores. A invasão dos lares
pela TV pornófona. A adoção de toda a libertinagem das novelas. E não é mais
possível evitar as lágrimas diante de tanta destruição...
E
agora, que fazer? Com certeza, voltar para a muralha e retomar a vigilância.
“Vigiai, pois, em todo o tempo, e orai a fim de que vos torneis dignos de
escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante
do Filho do homem.” (Lc 21,36.)
Orai sem cessar: “Mais do que os vigias que aguardam a manhã,
Espere Israel pelo Senhor!” (Sl 130,7)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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