(Lc 11,1-13)

Sim,
é casa de pobres. Dois cômodos, paredes de barro, chão de terra batida, janelas
ínfimas. Mas sobrou pão. O vizinho sabe, pois sua mulher tinha visto ao passar.
Aquele mesmo pão que Maria de Nazaré amassava ao pôr do sol, com três medidas
de farinha (cf. Lc 13,21), deixava crescer e assava de madrugada no forno de
barro do quintal.
O
dono da casa não quer abrir, e tem bons motivos. O vizinho insiste, pois uma
visita inesperada merece a justa hospitalidade. Mais um pedido: “Empresta-me
três pães!” Notaram? O homem do lado de fora não tem vergonha de pedir. Não tem
vergonha de insistir. Não desiste com a negativa. Não se curva aos argumentos.
E continua insistindo.
Gosto
da tradução da TEB – a Tradução Ecumênica da Bíblia, que põe estas palavras na
boca de Jesus: “Mesmo que ele não se levante para lho dar por ser seu amigo,
pois bem, porque o outro não tem vergonha [l’autre est sans vergogne, no
original da TOB], ele se levantará para lhe dar tudo o que lhe é preciso”. (Lc
11,8) E esta é a lição conclusiva da saborosa parábola do vizinho importuno.
Está
claro? O assunto central desta parábola é a vida de oração. Numa única frase,
“pedi e recebereis”. Sim, é para insistir além da medida, além das boas maneiras,
além do bom senso, além das conveniências. Quem insiste e persiste, obtém o que
pede. Oração envergonhada não arromba as portas fechadas.
Mas,
atenção! O mais importante da mensagem diz respeito ao Dono da casa.
Aquele que escuta nossos rogos noturnos não é um vizinho incomodado, despertado
do sono profundo. Quem ouve nossos gritos é um Pai extremado, amoroso, que não
dorme nem cochila (cf. Sl 121,4). E, natural, é impossível incomodar um Pai
assim...
Para
refletir sem pressa: a quem eu costumo rezar? Minhas preces se dirigem a um
juiz? A um policial? A um chefe de almoxarifado. Ou são dirigidas a um Pai?
Orai sem cessar: “Ele me invocará: Tu és meu Pai!” (Sl 89,27)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário