Saiu o semeador... (Mt
13,1-9)
O semeador desta parábola é imagem
de um Deus que sai... O Senhor sai de si mesmo, viaja em direção aos homens,
assume sua carne mortal e fala em um idioma humano para que a semente de vida
esteja ao alcance de todos.
Recentemente, o Papa Francisco nos
recordou que este exemplo divino deve ser o mapa para o agir da Igreja: uma
“Igreja em saída”. Francisco escreve:
“Na Palavra de Deus, aparece constantemente
este dinamismo de ‘saída’, que Deus quer provocar nos crentes. [...] Naquele
‘ide’ de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da
missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’
missionária. Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho
que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair
da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que
precisam da luz do Evangelho.” (Evangelii
Gaudium, 20)
Ninguém está excluído dessa luz do
Evangelho. São João Crisóstomo [séc. IV] pregava: “Na parábola do semeador,
Cristo nos mostra que sua palavra se dirige a todos, indistintamente. De fato,
tal como o semeador [do Evangelho] não faz nenhuma distinção entre os terrenos,
mas semeia em todas as direções, assim também o Senhor não distingue entre o
rico e o pobre, o sábio e o bobo, o negligente e o aplicado, o corajoso e o frouxo,
mas se dirige a todos e, mesmo antevendo o futuro, dedica-se inteiramente por
seu lado, de modo a poder dizer: ‘Que deveria eu ter feito, que não fiz?’ (Is
5,4)”
E para aqueles que repreendem o
semeador por “desperdiçar” sua semente em terrenos que não a merecem,
Crisóstomo diz: “No campo espiritual, a pedra pode tornar-se terra fértil, o
caminho pode deixar de ser calcado pelos passantes e tornar-se um campo
fecundo, os espinhos podem ser arrancados, permitindo que o grão frutifique
livremente”.
Voltando ao Papa Francisco, ele
adverte: “A Palavra possui, em si mesma, uma tal potencialidade, que
não a podemos prever. O Evangelho fala da semente que, uma vez lançada à terra,
cresce por si mesma, inclusive quando o agricultor dorme (cf. Mc 4,26-29). A Igreja deve aceitar
esta liberdade incontrolável da Palavra, que é eficaz a seu modo e sob formas
tão variadas que muitas vezes nos escapam, superando as nossas previsões e
quebrando os nossos esquemas. (EG, 22)”
Orai sem
cessar: “O que eu falar se cumprirá!” (Ez 12,28)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
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