Hoje, dou-lhe uma
reflexão escrita por Orígenes [185-253 d.C.].
“Se algum dia somos
assaltados por inevitáveis provações, lembremo-nos de que foi Jesus quem nos
ordenou embarcar, e ele quer que o precedamos “na margem oposta”. De fato, para
quem não suportou a prova das vagas e do vento contrário, é impossível atingir
a outra margem.
Assim, quando nos virmos
cercados por dificuldades múltiplas e penosas, fatigados de navegar no meio
delas com a pobreza de nossos recursos, imaginemos que nossa barca está no meio
do mar, sacudidas pelas ondas que gostariam de ver-nos ‘naufragar na fé’ (cf.
1Tm 1,19) ou em alguma outra virtude. E se vemos o sopro do maligno se encarniçar
contra nossos empreendimentos, lembremos que nesse momento o vento nos é
contrário.
Quando, entre esses
sofrimentos, nos tivermos mantido durante as longas horas da noite obscura que
reina nos momentos de provação; quando tivermos lutado o melhor que pudermos,
cuidando de evitar o naufrágio da fé, tenhamos a certeza de que ao final da
noite, ‘quando a noite for avançada e o dia vier chegando’ (Rm 13,12), o Filho
de Deus virá junto de nós, caminhando sobre as ondas, para nos tornar o mar
sereno.
Quando virmos o Verbo
aparecer-nos, seremos tomados pela perturbação, até o momento em que
compreenderemos claramente que é o Salvador que se faz presente a nós. Ainda
crendo ver um fantasma, gritaremos de terror, mas ele logo nos dirá: ‘Tende
confiança, sou eu, não tenhais medo!’
Pode ser que estas
palavras façam surgir em nós um Pedro animado de ardor, que descerá da barca,
certo de ter escapado da provação que o agitava. Primeiro, seu desejo de ir
diante de Jesus o fará caminhar sobre as águas. No entanto, com sua fé ainda
pouco firme, e ele mesmo na dúvida, perceberá a força do vento, ficará com medo
e começará a afundar. Mas ele escapará dessa desgraça, pois lançará para Jesus
este forte grito: ‘Senhor, salva-me!’
E tão logo este outro
Pedro tiver acabado de dizer ‘Senhor, salva-me!’, o Verbo estenderá sua mão
para lhe dar socorro, e o segurará no momento em que começar a afundar,
reprovando-lhe a falta de fé e as dúvidas. [...]
Jesus e Pedro subirão de
novo na barca, o vento se acalmará e os passageiros, compreendendo de que
perigos escaparam, irão adorar a Jesus, dizendo: ‘Verdadeiramente, ele é o
Filho de Deus.’” (Com. sobre Mateus.)
Orai sem
cessar: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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