Não
as impeçais... (Mt
19,13-15)
Neste
Evangelho, a atitude dos discípulos talvez não mereça grande condenação.
Tentando manter as crianças longe do Mestre, talvez pensassem apenas em
protegê-lo. Como se sabe, crianças são agitadas, barulhentas, incômodas para
muitos adultos...
Mas
podem ser amadas...
E
o amor de Jesus pelos pequeninos é bem conhecido. Teresa de Lisieux – a
Teresinha tão conhecida – fez dessa intimidade infantil o foco de sua vida
espiritual. “Jesus sente prazer em mostrar-me o único caminho que leva para
essa fornalha divina, e esse caminho é a entrega da criancinha que adormece sem
receio no colo do pai... ‘Quem for criança, venha cá’, disse o Espírito pela
boca de Salomão, e esse mesmo Espírito de Amor disse também que ‘a misericórdia
é dada aos pequenos’.” (Man. B, 242)
A
santa do Carmelo de Lisieux realça a importância de um contato precoce entre as
criancinhas e Jesus Cristo. “Vendo de perto essas almas inocentes, compreendi
ser grande infelicidade não formá-las desde seu despertar, quando são como uma
cera mole sobre a qual se pode depositar tanto as impressões das virtudes como
do mal... Compreendi o que Jesus disse no Evangelho: que seria melhor ser
lançado ao mar do que escandalizar uma só dessas crianças. Ah! Quantas almas
chegariam à santidade se fossem bem dirigidas!” (Man. A, 148)
É
conhecida a tática adotada pelos governos do nazismo de Hitler e do comunismo
de Stálin: afastar as crianças precocemente da influência familiar e
doutriná-las no ateísmo. O objetivo é impedir desde a infância uma relação com
Deus, podando pela raiz a acolhida das tradições religiosas dos antepassados.
Ainda hoje, em regimes totalitários, a escola é utilizada como ferramenta de
ruptura com as tradições familiares e religiosas, deslocando dos pais para os
professores - previamente doutrinados - a formação de valores e atitudes. No
fundo, uma tática para formar escravos...
Quando
Jesus afirma (v. 14) que o Reino dos Céus pertence a pessoas “assim como as
criancinhas”, devemos entender como um convite a viver o cristianismo em estado
de infância: abandono, confiança, entrega absoluta nas mãos de um Deus que é
Pai.
Quando
viveremos como filhos?
Orai sem cessar: “Entrega ao Senhor o teu futuro!” (Sl 37,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário