Pela
undécima hora... (Mt
20,1-16a)
Jesus
sabia da importância do tempo em nossa vida. Foi ele quem disse: “Enquanto for
dia, cumpre-me terminar as obras daquele que me enviou. Virá a noite, na qual
já ninguém pode trabalhar”. (Jo 9,4)
Ora,
o dia de trabalho, na Palestina, contava-se das 6 às 18 horas. Da hora prima à
duodécima. No Evangelho de hoje, alguns operários começam bem cedo, logo ao
raiar do sol. Outros só chegam à vinha por volta da hora terceira, 9 da manhã.
Outros ao meio-dia, a hora sexta, já com o sol a pino. Alguns são contratados
às três da tarde, à hora nona. E alguns – vejam só! – vagabundeando na praça da
aldeia, ainda recebem do Patrão a oportunidade de iniciar seu trabalho na
undécima hora – às 5 da tarde!
Mas
o espanto cresce quando, na hora do acerto de contas, aqueles que chegaram por
último não só recebem o mesmo que os demais (um denário), mas o recebem antes
dos outros. Diante disso, temos no mínimo duas reações possíveis: acusar o
Patrão de injustiça ou... admirar sua incompreensível misericórdia!
Obviamente,
os eleitos, no céu, não sentirão ciúme com a chegada de mais um pecador
redimido. Não reclamarão da falta de isonomia salarial da parte do Senhor,
alegando que os retardatários mereciam salário menor. Ao contrário, hão de
alegrar-se com a amplitude do coração de Deus, que é, em suma, o outro nome do
céu. E farão bela acolhida aos recém-chegados, a cantar um salmo de
boas-vindas...
Quanto
a nós, aqui na terra, o que nos interessa é outra coisa. É saber que eu possuo,
ainda hoje, mesmo tendo perdido tantas oportunidades anteriores, atender ao
chamado de Jesus e começar a trabalhar em sua vinha... Posso ter desperdiçado
muito tempo. Posso ter caído no fundo do poço. Posso ter vivido na ilusão das
luzes pálidas do mundo. Mas ainda é tempo – mesmo na undécima hora – de acolher
o amor do Pai...
Vale
a pena lembrar as palavras de Santo Agostinho: “Tarde te amei, Beleza infinita!
Tarde te encontrei, tarde te amei, Beleza tão antiga e sempre nova! Eis que
habitavas dentro de mim e eu te buscava do lado de fora... Tu me chamaste, e
teu grito rompeu minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou minha
cegueira... Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz”. (Confissões X,27)
Orai sem cessar: “Senhor, os meus tempos estão nas
tuas mãos!” (Sl 31,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Com. Católica Nova Aliança.
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