quinta-feira, 21 de agosto de 2014

PALAVRA DE VIDA

 Lançai-o fora! (Mt 22,1-14)
           Para André Louf, Deus nos espanta quando convida indiferentemente a crentes e descrentes, mas não chega a nos chocar, de início, pois bem conhecemos sua desmedida bondade. E o biblista cisterciense prossegue:

            “Mas a continuação da parábola é mais difícil. Eis que o salão das núpcias está agora repleto de convivas, e de toda espécie. Entre eles, alguns que não tinham direito de ali estar. Alguns trajam a veste nupcial, outros não. Ora, estes últimos são prontamente expulsos, pés e mãos atados, e lançados às trevas. E Jesus comenta: ‘Muitos são os chamados, mas os escolhidos são poucos’.
            Que quer dizer Jesus? Por que esta aparente dureza? E qual é esta veste de núpcias que é preciso vestir absolutamente, sob pena de não encontrar graça diante de um Deus que sabemos ser Amor e Misericordia?
            Há uma resposta fácil, muitas vezes ouvida, que consistiria em dizer que a ausência da veste é o sinal de uma negligência, uma infidelidade. Para entrar no Reino, seria preciso estar limpo e asseado. Mas a parábola não diz em nenhum lugar que o convidado expulso estava em roupa de trabalho ou de blue-jeans. E não é preciso ter as mãos limpas para entrar nesse Reino; aliás, Jesus diz que os pecadores e as prostitutas nos precederão por lá.
            Qual é, afinal, esta roupa de casamento? São Paulo no-lo diz: é a roupa nova do homem novo, criado em Jesus Cristo: ele é Jesus Cristo. É preciso que nos despojemos radicalmente do homem velho e de suas pretensões, tal como de uma roupa usada, e nos revestir, como uma roupa estalando de novo, do próprio Jesus Cristo, a humildade de sua cruz e a força de sua ressurreição.
            O Rei só tolera entre os convivas – pouco importa que sejam bons ou maus – aqueles que apresentam os traços de seu Filho. Aqueles que aceitam ser eleitos e bem-amados no único Eleito e o único Bem-Amado: Jesus.
            E quais são os traços de Jesus? São Paulo os desenha para nós, em outra passagem: ‘Como eleitos de Deus e seus bem-amados, revesti-vos de terna compaixão, de bondade, de humildade, de doçura, de paciência; perdoai-vos mutuamente; o Senhor vos perdoou’.
            O rosto de Jesus é a doce piedade, é a misericórdia sem limites para com nossos irmãos. Eis a veste nupcial, a única que Deus poderá reconhecer na hora do festim, se um dia experimentamos a doce piedade de Deus, e se a pudemos espalhar à nossa volta, como humilde amor, sobre nossos irmãos.”
Orai sem cessar: “Felizes os convidados para a ceia do Cordeiro!” (Ap 19,9)

Texto e poema de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.

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