Pelo dedo de Deus... (Lc 11,15-26)
Mesmo
no Antigo Testamento, antes da Encarnação do Verbo, quando Deus ainda era puro
espírito e não tinha corpo, os textos sagrados já adotavam expressões
antropomórficas para falar das manifestações do Senhor. Seus “olhos” tudo veem (cf.
Sl 11,4), as nuvens são o pó de seus “pés” (cf. Na 1,3), seu “braço” imobilizou
os egípcios (cf. Ex 15,16), suas próprias “mãos” curam os que ele feriu (cf. Jó
5,18) e foi o “dedo” de Deus que gravou a Lei nas tábuas do Sinai (cf. Dt
31.18).
Algum texto dos Padres da Igreja
chega a apresentar as três Pessoas da Trindade como o braço (o Pai), a mão (o
Verbo) e o dedo (o Espírito). Na liturgia, o Espírito Santo é chamado de “digitus paternae dexterae”, ou seja, o
dedo da mão direita do Pai.
Assim, quando Deus decide “agir” e
manifestar-se pontualmente na História dos homens, ele descobre seu braço, levanta
a mão e aponta o seu dedo. Quem recebeu o dom do discernimento logo observa:
“Aqui está o dedo de Deus!”
Esse mesmo discernimento não tiveram
– ou não o quiseram ter! – aqueles contemporâneos de Jesus que afirmavam: “É
pelo poder de Belzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios” (Lc
11,15). Foram incapazes de ver o “dedo de Deus” nos sinais que eram realizados
pelo Rabi de Nazaré, entre estes as curas instantâneas, a visão recuperada, o
pão multiplicado, os possessos libertados e Lázaro devolvido à vida. O “dedo de
Deus” ali estava, mas não o reconheceram.
E neste nosso tempo, já em pleno
Séc. XXI? Ainda se vê o dedo de Deus. O Senhor continua vivo e ativo em nosso
meio? Percebemos suas pegadas na poeira desta geração?
Uma das táticas do inimigo consiste
em achar “explicações” racionais para os sinais que Deus nos dá. Curas se
reduzem a eventos psicossomáticos, possessos são apenas uns pobres epilépticos,
a Providência é rebaixada a coincidências. Os milagres do Evangelho são logo traduzidos
como traços da ignorância e da superstição dos antigos.
Os santos, porém, não são assim.
Eles percebem com clareza o dedo de Deus em suas vidas e em seus trabalhos. E
em tudo manifestam a mais profunda gratidão...
Orai sem
cessar: “Tua mão
direita é meu apoio!” (Sl 18,36)
Texto de Antônio
Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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