sábado, 1 de novembro de 2014

PALAVRA DE VIDA

Serão chamados filhos de Deus... (Mt 5,1-12a)

                Quem é o homem feliz? Quem é a mulher feliz? Esta página das bem-aventuranças, situada no Sermão da Montanha, nos oferece uma inesperada receita de felicidade.
                É bem verdade que uma leitura apressada pode ser decepcionante. Então, isto é ser feliz?! Ser pobre, chorar, ter sede de justiça, ser misericordioso, puro de coração, promover a paz e, enfim, ser perseguido e injuriado por causa da justiça?
                Podemos olhar por outro ângulo: ser feliz é ser como Jesus. E os Evangelhos registram que Jesus era pobre e feliz. Jesus chorou e era feliz. Jesus tinha sede de justiça e foi injustiçado, mas era feliz. Jesus promovia a paz e sofreu a suprema violência, mas era feliz...
                Diante disso, não podemos negar a evidência: nós fazemos uma ideia distorcida da felicidade. Em geral, pensamos que “felicidade” consiste em não ter problemas nem passar por crises. Feliz é quem tem dinheiro e prazeres, amigos poderosos e vida fácil. Menino feliz ganha presente do Papai Noel. Menina feliz tem uma coleção de Barbies. Eis uma parte substancial de nossos enganos...
                A felicidade das bem-aventuranças não é a felicidade barata da sociedade de consumo. A felicidade consiste em ser filho de Deus. Filho como Jesus. Trata-se de uma beatitude profunda que as dores deste mundo não podem abalar. Uma relação tão viva e plena com o Pai celeste, que nos permite superar o medo e o desespero, erguendo-nos acima das sombras de cada noite.
                Por outro lado, a observação atenta da sociedade humana já permite verificar quanta infelicidade acompanha o excesso de dinheiro, a beleza fora do comum, o sucesso irrestrito. Nestas situações se manifestam terríveis dramas humanos, entre eles a solidão e o suicídio.
                Mahatma Gandhi, o notável líder hindu, que libertou a Índia da opressão inglesa sem disparar um único tiro, ficou impressionado com esta página do Evangelho. E comentou: “No dia em que os cristãos viverem de fato as bem-aventuranças, pedirei o batismo”. Infelizmente, morreu sem ver esta vivência nos cristãos que dominaram a Índia a ferro e fogo...
                Também nós, enquanto nossa vida for orientada para o dinheiro e a segurança humana, enquanto a poupança for nossa garantia, enquanto não corrermos risco por causa do Evangelho, não convenceremos a ninguém com nossa religião.
                Humilde e pobre, mansa e pura, compassiva e feliz, Maria de Nazaré oferece ao cristão o modelo perfeito de felicidade. Desde o início, ela sabia que a felicidade máxima está em fazer a vontade de Deus. Fora disso, ninguém é feliz...
Orai sem cessar: “Feliz o homem que põe no Senhor sua esperança!” (Sl 40,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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