Serão chamados filhos de Deus... (Mt 5,1-12a)
Quem é o homem
feliz? Quem é a mulher feliz? Esta página das bem-aventuranças, situada no
Sermão da Montanha, nos oferece uma inesperada receita de felicidade.
É bem verdade que
uma leitura apressada pode ser decepcionante. Então, isto é ser feliz?! Ser
pobre, chorar, ter sede de justiça, ser misericordioso, puro de coração,
promover a paz e, enfim, ser perseguido e injuriado por causa da justiça?
Podemos olhar por
outro ângulo: ser feliz é ser como Jesus. E os Evangelhos registram que Jesus
era pobre e feliz. Jesus chorou e era feliz. Jesus tinha sede de justiça e foi
injustiçado, mas era feliz. Jesus promovia a paz e sofreu a suprema violência,
mas era feliz...
Diante disso, não
podemos negar a evidência: nós fazemos uma ideia distorcida da felicidade. Em
geral, pensamos que “felicidade” consiste em não ter problemas nem passar por
crises. Feliz é quem tem dinheiro e prazeres, amigos poderosos e vida fácil.
Menino feliz ganha presente do Papai Noel. Menina feliz tem uma coleção de Barbies. Eis uma parte substancial de
nossos enganos...
A felicidade das
bem-aventuranças não é a felicidade barata da sociedade de consumo. A
felicidade consiste em ser filho de Deus. Filho como Jesus. Trata-se de uma
beatitude profunda que as dores deste mundo não podem abalar. Uma relação tão
viva e plena com o Pai celeste, que nos permite superar o medo e o desespero,
erguendo-nos acima das sombras de cada noite.
Por outro lado, a
observação atenta da sociedade humana já permite verificar quanta infelicidade
acompanha o excesso de dinheiro, a beleza fora do comum, o sucesso irrestrito.
Nestas situações se manifestam terríveis dramas humanos, entre eles a solidão e
o suicídio.
Mahatma Gandhi, o
notável líder hindu, que libertou a Índia da opressão inglesa sem disparar um
único tiro, ficou impressionado com esta página do Evangelho. E comentou: “No
dia em que os cristãos viverem de fato as bem-aventuranças, pedirei o batismo”.
Infelizmente, morreu sem ver esta vivência nos cristãos que dominaram a Índia a
ferro e fogo...
Também nós,
enquanto nossa vida for orientada para o dinheiro e a segurança humana,
enquanto a poupança for nossa garantia, enquanto não corrermos risco por causa
do Evangelho, não convenceremos a ninguém com nossa religião.
Humilde e pobre,
mansa e pura, compassiva e feliz, Maria de Nazaré oferece ao cristão o modelo
perfeito de felicidade. Desde o início, ela sabia que a felicidade máxima está
em fazer a vontade de Deus. Fora disso, ninguém é feliz...
Orai sem cessar: “Feliz
o homem que põe no Senhor sua esperança!” (Sl 40,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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