Chegou o momento... (Lc
21,5-11)
Neste
Evangelho, mesmo sem exagerar na tonalidade apocalíptica, Jesus nos adverte
sobre uma “catástrofe” (no sentido etimológico de “decadência”, “queda”,
“movimento para baixo”). Nem mesmo as ciclópicas muralhas do Templo ficariam de
pé, apesar de sua aparente solidez.
Diante dessa
“notícia”, a pergunta dos discípulos é: “Quando será?” Que sinais deveriam
observar para prever a catástrofe? Mas Jesus esconde a ampulheta. Não diz o Dia
“D” nem a hora “H”. Apenas exorta: “Abram os olhos!” (No grego de São Lucas, “blépete”!)
Ficar de olhos abertos para não sair de órbita...
De
fato, seria muito cômodo se entrássemos neste mundo com um cartão de créditos,
ou de impulsos “telefônicos”. Quando o visor indicasse “último impulso”, seria
a hora de nos preparar para a “queda”, ou melhor, para o encontro final com o
Juiz dos vivos e dos mortos. Mas, para nosso bem, este “mistério” nos foi
vedado.
No
final do Ano Litúrgico, quando a Igreja chama nossa atenção para a escatologia
- isto é, para os acontecimentos ligados ao final da História -, somos
interpelados pela evidência esmagadora: tudo passa. Nada, aqui, dura para
sempre. A “figura” deste mundo, tecida de espaço e duração, não subsiste para
sempre.
E
mais: temos um tempo (ninguém sabe quanto!) para realizar nossa missão neste
planeta e dar nossa contribuição para edificar o Reino de Deus. Findo esse
tempo, estaremos perante o Juiz. O fato de ser um Juiz cheio de misericórdia
não reduz em nada nossa responsabilidade pela forma como gastamos nosso tempo e
os dons que em nós investiu o Criador.
Passamos
pela permanente tentação de admirar com estesia e prazer as belezas (e são
belas!) deste mundo. Tal como os discípulos extasiados diante da beleza do
Templo e da riqueza de seus ex-votos. Daí à idolatria, um passo estreito. E
logo nos vemos alheios às realidades eternas, às coisas que não passam. Ao
menos, fomos avisados. Abrir os olhos! Não dar crédito aos falsos profetas que
simulam possuir os segredos e os arcanos da vida. Aqueles mesmos profetas que
previram o fim do mundo para o ano 2000. E ainda choram porque o mundo não
acabou.
Sim,
o tempo pode ser “elástico” nas mãos de seu Criador. Mas há de ter um fim. Até
lá, é tempo de amor. É tempo de cruz...
Orai sem cessar: “É
eterna, Senhor, vossa palavra, tão estável como o céu!” (Sl 119,89)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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