Presta contas! (Lc 16,1-18)
Esta
parábola do administrador desonesto costuma escandalizar muita gente. De fato,
uma leitura superficial parece dar a entender que o Mestre faz elogios a um
safado. Claro que não! A falta de ética do corrupto – para usar termos bem
atuais – era (e é) execrável. Mentira e falsidade jamais receberiam elogios do
Mestre da Verdade!
O que Jesus
quer ensinar é bem outra coisa: se os fiéis dedicassem por sua salvação (e pela
salvação dos outros!) o mesmo empenho e inteligência que os homens do mundo
dedicam a seus negócios escusos e duvidosos, pouca gente se perderia.
Mas
não é sobre isto que eu quero refletir hoje. Claro que devemos prestar contas
de nossa vida ao seu término. Mas não devemos cair na ilusão de que seremos
capazes de acumular tantos méritos, a ponto de podermos apresentar a Deus uma
fatura e dele cobrar nosso direito ao céu. A salvação é sempre graça, grátis,
dom. Antes, será com trajes de mendigo que nos apresentaremos ao Senhor.
É
disso que falo – um tema tipicamente teresiano - em meu soneto “Balanço”:
Quando chegar ao fim a minha
vida,
Toda cheia de curvas e de
dobras,
Ah! não contes, Senhor, as
minhas obras
A ver se a recompensa é
merecida!
Minha justiça é logo
corrompida...
Minhas boas ações, apenas
sobras...
Eu fui um fariseu: minhas
manobras
São ruínas em pó, massa
falida...
Quando chegar ao fim destes
meus dias,
Sei que terei as minhas mãos
vazias
E a túnica bem rota de um
mendigo!
E, por saber que tudo logo
passa,
Eu me abandono inteiro à tua
graça,
Pois só o Amor eu levarei
comigo...
Orai sem cessar: “Deus tenha piedade de nós e nos
abençoe!” (Sl 67,1)
Texto e poema de Antônio Carlos
Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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