domingo, 11 de janeiro de 2015

PALAVRA DE VIDA

Jesus foi batizado... (Mc 1,7-11)
            Nas águas claras do Rio Jordão, o Filho amado. Da nuvem celeste, ouve-se a voz do Pai. Na imagem visível de uma pomba, desce o Espírito Santo. Assim, o batismo de Jesus – um batismo de penitência proposto por João Batista – é claramente uma experiência trinitária, uma teofania. Creio não exagerar se afirmo que a consciência da Trindade se encontra amortecida no coração e na mente dos fiéis, reduzida a uma espécie de fábula que se conta às crianças do catecismo...

            No entanto, estamos diante de um esplêndido mistério: um Deus em três Pessoas, cuja presença atravessa toda a nossa vida. Cromácio de Aquileia [388-408 d.C.] reflete sobre este batismo:
            “Que grande mistério neste batismo celeste! Dos céus, o Pai se faz ouvir, o Filho aparece sobre a terra, o Espírito Santo se mostra sob a forma de uma pomba. De fato, não há verdadeiro batismo, nem verdadeira remissão dos pecados ali onde não está a verdade da Trindade, e a remissão dos pecados não pode ocorrer onde não se crê na Trindade perfeita.
            O batismo que a Igreja dá é o único e o verdadeiro; e só é dado uma única vez. Basta que alguém ali mergulhe uma só vez, ei-lo puro e renovado; puro porque se desembaraçou da sujeira dos pecados, renovado porque ressuscita para uma vida nova, depois de se ter desembaraçado da velhice do pecado. É que este banho do batismo torna o homem mais branco que a neve, não na pele de seu corpo, mas no esplendor de seu espírito e na pureza de sua alma.”
            De fato, Jesus havia alertado a Nicodemos sobre a necessidade desse renascimento espiritual: “Se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino dos Céus”. (Jo 3,5) Trata-se de uma condição sine qua non para deixar o reino das trevas e passar ao reino da luz.
            Cromácio prossegue em sua catequese: “Tendo vindo dar um novo batismo, para a salvação do gênero humano e a remissão dos pecados, Jesus se dignou primeiramente de receber ele mesmo o batismo, não para ficar livre de seus pecados - ele, que não os havia cometido -, mas para santificar as águas do batismo com o fim de apagar os pecados de todos os crentes pelo novo nascimento do batismo”.
            E o Bispo de Aquileia conclui, usando o método alegórico dos Padres da Igreja: “Outrora, a graça do batismo de Jesus foi misticamente prefigurada quando o povo eleito, ao passar pelo Jordão, foi introduzido na terra prometida. Do mesmo modo que, à frente do povo eleito que seguia o Senhor, abriu-se uma estrada para introduzi-lo no país da promessa, assim agora, pelas águas do mesmo rio, abre-se a primeira estrada que nos conduz à bem-aventurada terra prometida, isto é, o Reino celeste que nos foi prometido”.
Orai sem cessar: “Haverá vida aonde quer que o rio chegue...” (Ez 47,9b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário