Completou-se o tempo! (Mc 1,14-20)
Vivemos no tempo. Somos seres “históricos, ainda que vocacionados ao
eterno. Foi-nos dado um começo. Chegaremos sem dúvida a um final. Entre os dois
extremos, uma duração: é nesta duração que somos chamados a cumprir uma tarefa
essencial: nosso encontro definitivo com Deus.
Esta condição “histórica é a marca
registrada dos seres humanos: efêmeros, sim, mais frágeis que a erva que brotou
nos telhados (cf. Sl 129,6), mas dotados de um potencial de eternidade que
deriva de nossa comunhão com a vida divina. Quem dela participa, não morrerá
para sempre (cf. Jo 11,26). Daí a importância da fé que leva à inadiável
conversão e mudança de vida.
Comentando a liturgia deste Domingo,
o teólogo Hans Urs Von Balthasar afirma que o tema dos três textos é a urgência da conversão; não
há mais tempo para outra coisa.
“O Evangelho mostra as consequências
do tempo que Jesus proclama “cumprido”. Com este cumprimento, o Reino de Deus
se encontra no limiar do tempo terrestre,
e torna-se também importante consagrar-se a este começo infalível com toda a
sua existência. Não fazemos isto espontaneamente: somos chamados e equipados
por Deus.
Aqui, quatro discípulos são chamados
por Jesus a deixarem a sua atividade profana – e eles obedecem a este chamado
sem vacilar – a fim de serem equipados para sua vocação no Reino de Deus: eles
serão pescadores de homens: pescar, eles podem...
Estas são vocações exemplares e não
podemos, propriamente, falar de exceções. Também cristãos que permanecem em sua
profissão secular foram chamados ao serviço do Reino que Jesus anuncia. Para
seguir a este chamado, eles têm necessidade exatamente da indiferença de que
Paulo falou na segunda leitura.
Assim como os filhos de Zebedeu
deixam seu pai e os operários para seguirem a Jesus, assim também o cristão que
permanece no mundo deve deixar muito daquilo que lhe parecia indispensável, se
quiser seguir seriamente a Jesus.
“Quem pôs a mão no arado e olha para
trás não está apto para o Reino de Deus. (Lc 9,62.)”
Ainda temos tempo. Não sabemos
quanto. Mas como é precioso este tempo que nos foi dado para o exercício do
amor! Tempo valioso demais para ser desperdiçado em pequenas brincadeiras,
suaves diversões.
De todo modo, não deixa de ser consolador o registro evangélico sobre o
ladrão crucificado ao lado de Jesus (cf. Lc 23,40-42). Tudo indica que Dimas
vinha desperdiçando seu tempo de vida. Mas ele ainda teve tempo. Ao apagar das
luzes, viu a Luz...
Orai sem cessar: “Lembra-te de mim,
Jesus, quando vieres como rei!” (Lc 23,42a)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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