Expulsava os demônios... (Mc 3,22-30)
Há coisas
que não se podem negar: a realidade se impõe aos olhos. Como observa Suzanne de
Diétrich [1891-1981], “a força sobrenatural que está em Jesus salta aos olhos
da multidão”. Como não podem negá-la, os fariseus tentam negar sua origem. E
aquele que detém oficialmente o poder espiritual, mas que não o possui, dirige
seu ódio contra aquele que se apresenta sem outro título que este mesmo poder.
“A advertência do Senhor, comenta S.
de Diétrich, assume extraordinária gravidade: os homens que o acusam estão
apostando a própria alma. Tanto para as obras de Satã quanto para as obras de
Deus, há uma lógica profunda e imutável; umas são de morte, outras são de vida.
Assim, aquele que é príncipe da morte não saberia produzir a vida sem destruir
a si mesmo.
Logo, se Jesus pode destruir a obra
de Satã, é que Satã nada tem em Jesus. O Reino de Deus se aproximou, e
blasfemar contra sua obra é blasfemar contra Deus. Palavras graves com que
Jesus prontamente desvela aos seus inimigos a divina integridade de seu ser,
pois declara que o segredo de seu poder está em ter amarrado o inimigo em Si
mesmo, antes de o amarrar nos outros. E que ali onde está Jesus, ali está o
Espírito de Deus.”
Estamos diante de um importante
ministério da Igreja: saber distinguir entre as inspirações do Espírito Santo e
as sugestões desviantes do maligno ou da própria natureza humana decaída. Daí a
importância de estar sob a orientação da hierarquia eclesial, em plena
obediência, mesmo quando isto signifique adiar (ou mesmo abandonar!) projetos
que nos pareceram inspirados.
Agente
privilegiada da Renovação Biblica na Igreja, Suzanne de Dietrich põe-se a
rezar:
“Senhor, nós
somos este reino dividido contra si mesmo, que se apoia ao mesmo tempo em Deus
e em Satã. O discernimento dos espíritos não é tão fácil quanto parece, e Satã
se disfarça muitas vezes em anjo de luz, enganando aos outros e a nós mesmos.
Existe em
nós uma nostalgia de unidade. E o princípio de contradição nos rege,
tornando-nos incessantemente teus aliados e teus inimigos. Nós acreditamos que
tínhamos varrido a casa, mas o demônio voltou acompanhado de outros sete,
piores do que ele.
Nós não
tínhamos chegado a amarrar o homem forte, e ele se ri de nós, enquanto
dedicamos nosso zelo a denunciá-lo nos outros. Vem logo, Senhor Jesus!
Penso de
modo especial naqueles “fiéis” que se dedicam de corpo e alma, em tempo
integral, a fazer guerra contra outras denominações religiosas, inflamados do
mesmo ódio que gera as guerras e as vinganças. Não creio que o “espírito” que
os move seja o Espírito da Unidade, a “luz dos corações”.
Não foi
Jesus quem mandou guardar a espada na bainha? (Cf. Jo 18,11)
Orai sem cessar: “Não me prives, Senhor,
de teu Santo Espírito!” (Sl 51,13)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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