Não vim abolir, mas cumprir... (Mt 5,17-19)
Se os pais amam os filhos, seu amor
se manifesta em atenção e recomendações, conselhos e... proibições. No dia a
dia da família, a mãe adverte: “Não brinque com fogo! Cuidado com o carro!
Atravesse na faixa! Não fale com estranhos! Tira isso da boca!” E tudo isto
manifesta amor...
A Lei antiga - as Dez Palavras do
Sinai - mostra objetivamente que Deus ama seu povo e quer protegê-lo dos
inúmeros riscos da caminhada. Não são meras proibições, mas um roteiro de vida.
Imaginem uma multidão que vagueia pelo deserto e, enquanto isto, desejam a
mulher do próximo, surrupiam os objetos alheios, perdem o respeito pelos pais,
roubam e matam! Teríamos uma espécie de guerra civil, semelhante à que se vive,
hoje, nas grandes cidades brasileiras...
Uma Lei que brota do amor do Pai
pelos filhos não é um decreto que possa ser abolido, ainda que venha a evoluir
conforme o grau de amadurecimento dos mesmos filhos, a caminho de uma liberdade
crescente e responsável. Por isso mesmo, consciente do valor desses
mandamentos, Jesus afirma claramente a respeito da Lei mosaica: “Eu não vim
abolir, mas cumprir”.
Naturalmente, se forem rompidos os
laços de amor entre Pai e filhos, aquelas normas de amor passam a ser vistas
como decretos opressivos, cabrestos inaceitáveis. Sem amor, a obediência é
absurda. Isto ajuda a entender a atual gritaria que, desde os anos 60, clama
por uma certa “modernização” da Igreja Católica, acusada de retrógrada e
ultrapassada. Para tais críticos, “modernizar” significa, na prática, aceitar
que a pessoa humana seja tratada como matéria-prima, com seus embriões imolados
à pesquisa científica. Significa jogar no lixo a santidade do matrimônio,
transformado em simples acasalamento. Significa autorizar que alguém decida
quem deve nascer e quem não deve vir à luz, pelo aborto legal.
Ora, Jesus não aboliu a Lei. A voz
do Sinai continua a clamar: “Não matarás! Não cometerás adultério! Honrarás teu
pai e tua mãe!” (Dt 5.) Não perderam o seu valor os preceitos morais do Antigo
Testamento, pois estão ligados à própria natureza humana, e não a modismos que
passam com o tempo.
Na prática, o Evangelho de Jesus
Cristo mostrou-se ainda mais exigente, superando a letra fria da Lei e chamando
a uma existência orientada pelo amor, que se dispõe a dar a vida pelo amigo.
Obedeço por amor a meu Pai? Ou sou
daqueles que veem a Deus como um feitor de escravos?
Orai sem cessar: “É eterna, Senhor vossa palavra, tão estável
como o céu.” (Sl 119,89)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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