Casa sobre casa... (Lc 11,14-23)
A profecia de Jesus fala de uma
derrocada geral. Tal como ele previu para o imponente Templo de Jerusalém - “não
ficará pedra sobre pedra” -, o mesmo vale para toda instituição dividida em
si mesma: “cairá casa sobre casa”. No ano 70 d.C., as legiões de Tito,
filho de Vespasiano, sitiaram Jerusalém, derrubaram suas muralhas e incendiaram
o Templo, do qual restaria apenas um muro para recolher as lágrimas salgadas de
Israel: o “Muro das Lamentações”.
Ao longo da História, muitas outras
construções famosas atingiram brilho e fama para, logo após, vítimas da divisão
entre os homens, experimentarem derrocada semelhante. Pareciam a todos instituições
inexpugnáveis – o Império Romano, a Casa d’Áustria, o exército de Hitler, a
União Soviética – e foram roídas pela ambição e pelo ódio, pela corrupção dos
costumes e pela tirania.
Hoje, os Estados Unidos ainda são o
grande império do momento, mas já vêm dando mostras de uma ruína inevitável:
crescimento da miséria, imigração descontrolada, proliferação de dependentes de
drogas, corrupção moral, crescente endividamento externo, além de serem o alvo
preferencial do ódio de grupos islâmicos que veem a nação norte-americana como
o símbolo do mal.
Também a Igreja de Jesus sofre
efeitos da divisão. Também seus muros apresentam trincas que merecem
preocupação. Ao longo dos séculos, a Igreja sofreu com as perseguições e
heresias, mas o Espírito de Deus a manteve de pé. Depois, vieram cismas, a
separação da Igreja do Oriente (culpados de ambos os lados, é verdade!) e a
Reforma protestante, com as lamentáveis “guerras de religião”.
Ainda hoje, de um lado e de
outro, existem cristãos que se acham no direito de odiar quem está na outra
margem. Entretanto, a oração de Jesus aponta para outra direção: “Pai, que
todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles
estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. [...] Eu neles e tu em mim,
para que sejam perfeitos na unidade, e o mundo reconheça que me enviaste e os
amaste, como amaste a mim.” (Jo 17,21.23.)
Na Encíclica “Ut Unum Sint”
[1995], o Papa João Paulo II mostrava os caminhos para chegar à unidade: a
oração, a ação de graças e a esperança. A oração como anelo pela
unidade. A ação de graças “porque não nos apresentamos com as mãos
vazias”. A esperança, porque a unidade é dom do Espírito Santo. (UUS,
102)
Minha vida contribui para a unidade
e a fraternidade dos homens?
Orai sem cessar: “O Senhor congrega os dispersos
de Israel.” (Sl
147,2)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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